PREFIXO DES- OU DIS-?

Prólogo

Caminhar é bom. Faz bem a saúde. Por isso e muito mais, todos os dias, faço minha caminhada na Avenida Juscelino Kubitschek situada próximo de minha residência.

Nessas ocasiões fico, às vezes, pensando bobagens, ou mentalizando reminiscências que julgo valerem a pena serem lembradas. Eventualmente vislumbro um letreiro com uma propaganda escabrosa, isto é, inconveniente aos padrões da norma culta do idioma pátrio.

Hoje não foi diferente. Eu quis iniciar o longo feriado da semana dedicado às crianças fazendo um passeio a pé na supracitada avenida. Em dado momento li na frente de uma casa comercial um período que, em letras garrafais, dizia: “Disterelizamos (SIC) sua residência ou local de trabalho contra ratos, baratas, cupins, moscas, formigas, traças, escorpiões etc.”.

Eu sei que para a maioria isso não quer dizer absolutamente nada. Todavia, por ter o ensino e o aprendizado no mais alto grau de importância resolvi escrever sobre os prefixos “DES-” e “DIS-” tendo a certeza de que será de bom proveito para os estudantes e obstinados participantes de concursos ("concurseiros").

AS DIFERENÇAS ENTRE OS PREFIXO “DES-” e “DIS-”

Ora, ora, ora... A distinção é etimológica: enquanto o prefixo “des-” se junta à palavra portuguesa, o prefixo “dis-” junta-se à palavra latina, evoluindo esta depois para o Português.

“Dis-” fica invariável antes de p, q, t, s, seguido de vogal mas perde o ‘s’ antes doutras consoantes. Exemplos: dispensar, distrair, dissuadir, difundir, difamar.

O prefixo “des-“ também pode perder o ‘s’, quando empregada para dar à palavra composta aumento, intensidade, engodo (burlar). Exemplos: defraudar, demora, decair.

Existe também o prefixo “dis-” de origem grega que indica dualidade (dístico, dissílabo) ou dificuldade (dispneia = falta de ar; displasia = degenerescência de células).

CONCLUSÃO

Sobre a palavra prefixo é de bom grado escrever que, anteposto a uma palavra, lhe altera e, às vezes, lhe reforça o sentido. O idealizador da propaganda que dizia: “Disterelizamos (SIC) sua residência ou local de trabalho contra ratos, baratas, cupins, moscas, formigas, traças, escorpiões etc.”. Talvez quisesse escrever a palavra ESTERELIZAMOS em vez de “DISTERELIZAMOS”.

Entendi desse modo por saber que esterilizar significa exterminar, isto é, fazer com que fique estéril ou infértil; tornar improdutivo ou incapaz de procriar. Exemplos: esterilizar o solo, a casa, o apartamento etc.; esterilizou a gata, a cadela, a leoa etc.

Muitas vezes temos dúvidas (Ah! Desconfie daquele insipiente ser que entende ser ele o último biscoito do pacote e se acha o sabichão (Em verdade não passa de um falso sabe-tudo) no uso de vocábulos distintos provocadas pela semelhança ou mesmo pela igualdade de pronúncia ou de grafia entre eles.

Não há, para os adolescentes (quase todos) e os mais simples, o compromisso de falar ou escrever utilizando-se de uma linguagem correta, formal. Não querem saber a diferença entre “onde” e “aonde”, “expectador” e “espectador”, “imergir” e “emergir”, “fluido” e “fluído”, “em vez de” e “ao invés de”, "cavaleiro" e "cavalheiro", “em virtude” e “tendo em vista”, “quis” (verbo querer) e “quiz” (teste e/ou questionário no idioma inglês), “senão” e “se não”, “si” e “se”, “desapercebido” e “despercebido”, assim como tantas outras armadilhas existentes em nosso idioma pátrio.

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NOTAS REFERENCIADAS

— Novíssima Gramática da Língua Portuguesa - Domingos Paschoal Cegalla;

— Moderna Gramática Portuguesa - Evanildo Bechara;

— Assuntos Relacionados da Academia Brasileira de Letras;

— Papéis avulsos e outros rabiscos do Autor;

— Textos e anotações avulsas (Curso de Pós-Graduação) do autor que devem ser consideradas circunstâncias imparciais.