A silepse (poeminha gramatical)

Silepse é uma figura

Em que vale nossa mente,

Que comanda a escritura

E muito a fala da gente...

‘O povo saíram’ diz

O povo despreocupado...

Também o poeta feliz,

Na certa, intencionado.

Pra gramática, o povo erra,

Pois o verbo está bem perto,

Mas não haverá “guerra”,

Se o verbo está longe – é certo!

Vejam, pois, como seria:

‘O povo saíram’ ? Não!

Mas o que aconteceria,

Na seguinte construção?

‘O povo, então, gritava

Feroz, a uma só voz,

E bem depois começavam

A voltar tristes e sós.

O povo, no início, ‘gritava’...

Viram? É o singular!...

Na outra oração, ‘começavam’,

Pois mais longe o verbo está!

‘Começavam’ no plural,

‘Tristes’ e ‘sós’ também

Dizem do povo – legal!;

Vale o que à mente nos vem...

Lá dentro da nossa mente,

Muita gente aparece,

E é esse plural latente

Que na escrita acontece.

‘Começava’? Pode ser?

Claro! Está correto.

Há dois jeitos de dizer.

Siga em frente. É papo reto!

Mas parece que o sentido

Ligeiramente se altera...

No singular, povo unido!

No plural, desfaz-se a fera...

Clareio mais o que digo:

Primeiro, povo unidinho;

No plural, com o perigo,

Cada um, no seu caminho.

Esta silepse tem nome...

De número ela se diz.

É dos poetas de renome

E de quem assim o quis.

Recentemente, o autor publicou, na Amazon, os seguintes ebooks:

"Português – temas variados", coletânea de textos produzidos ao longo dos anos, alguns dos quais presentes neste site;

"Português – textos, testes & respostas", pequena amostra de autores diversos, seguidos de exercícios de interpretação, pelo sistema de múltipla escolha.