"Vícios de linguagem" - "capítulo" II

Hoje, veremos mais três tipos de vicios de

linguagem :

1) Pleonasmo vicioso

2) Eco

3) Solecismo

(E, como ontem terminamos no item "3", co-

meçamos, hoje, a partir do item "4")

4. PLEONASMO VICIOSO

Ocorre quando empregamos complementos supérfluos (=desneces-

sários) a uma palavra que já tem sentido completo, provocando u-

ma espécie de redundância.

Observe, pelos exemplos a seguir, como ocorre o pleonasmo vicio-

so :

Exemplo 1) Às vezes, é recomendável dar uma marcha à ré para

trás.

(Aqui, o pleonasmo vicioso está contido na expressão

"para trás", visto que "marcha à ré" já significa um

movimento para trás. Neste caso, "para trás" é uma

redundância)

Exemplo 2) Nossa vizinha eu a vi na rua.

(Neste exemplo, o pleonasmo vicioso é provocado pe-

la palavra "a", que é o pronome pessoal do caso oblí-

quo que se refere a "nossa vizinha".

Sem pleonasmo vicioso, esta frase deveria ser assim

elaborada : "Eu vi nossa vizinha na rua")

Também constituem exemplos de pleonasmo vicioso : entrar para

dentro, sair para fora, subir para cima, descer para baixo, etc.

OBS.: às vezes, PARA SE OBTER MAIS EXPRESSIVIDADE OU ÊNFASE

no que queremos dizer, podemos empregar o pleonasmo (só

que, neste caso, ele não será classificado como vício de lin-

guagem - que é erro -, mas como uma espécie de figura de

linguagem - cuja finalidade é embelezar ou enfatizar uma i-

déia -.

Exemplos e pleonasmo NÃO -VICIOSO :

- Chorei LÁGRIMAS de sangue (Só se pode chorar LÁGRIMAS,

mas as lágrimas desta frase SÃO MAIS FORTES do

que as comuns)

-Vi com meus próprios OLHOS (óbvio que só se pode ver com

os olhos, mas, ao dizer MEUS PRÓPRIOS, signifi-

ca o empenho de quem diz a frase em destacar

QUE NÃO FORAM OS OLHOS DOS OUTROS que

viram algo)...

- Peguei COM ESTAS MINHAS MÃOS calejadas...

5) ECO

Consiste no emprego, DENTRO DE UM MESMO PARÁGRAFO, de pala-

vras que formam rima (têm, na última sílaba, a mesma terminação).

Veja os exemplos :

"O alaZÃO levou um tropeÇÃO ao se chocar com o corriMÃO"

"Nesta cidADE há muita maldADE, de toda a variedADE".

No primeiro exemplo, o eco está contido no emprego da terminação

"ÃO" em três das palavras do parágrafo (alazão/tropeção/corrimão).

No segundo exemplo, o eco esta contido no emprego da terminação

"ADE", também em três das palavras do parágrafo (cidade/maldade/

variedade).

6. SOLECISMO

Este tipo de vício compreende três tipos de erros :

- Erro na grafia de uma palavra (trocar um "x" por um "ch", um "ss"

por um "ç", etc).

Exemplo : O CHerife prendeu o criminoso (há erro de grafia na pala

vra "CHerife", já que, ao invés de "ch", esta palavra é

escrita com "x"

- Acréscimo ou supressão de uma letra numa palavra

Ex.: ArroIs (forma em que, ao falarmos esta palavra, acrescen-

tamos a vogal "I", que não existe nesta palavra;

Pexe (forma em que, ao falarmos esta palavra, suprimimos

a vogal "I" antes do "x")

(Obs.> este tipo de erro ("arrois", "pexe", etc) fazem parte de

um outro conteúdo gramatical chamado "Ortoépia" e

"Prosódia")

- Qualquer tipo de ERRO DE CONCORDÂNCIA (verbal, nominal)

Ex.: Aqueles rapazes INFELIZ não aproveitam bem a liberdade.

(erro de concordância NOMINAL, pelo emprego de "infeliz",

quando o correto deveria ser "infelizes", para concordar

com a expressão "aqueles rapazes")

A gente PRECISAMOS de sua ajuda.

(Erro de concordância VERBAL, pelo emprego da expressão

"precisamos" - 1a. pessoa do plural -, ao invés de "precisa"

- 3a. pessoa do singular - para concordar com a expressão

que indica coletivo, "a gente".

- Qualquer tipo de ERRO DE COLOCAÇÃO PRONOMINAL (colocação

de pronomes oblíquos).

Ex.: ME diga a verdade, rapaz ! (o erro de colocação pronominal

está no emprego do pronome pessoal oblíquo "ME" PARA INI-

CIAR FRASE ("NENHUM PRONOME OBLÍQUO PODE INICIAR U-

MA FRASE", conforme vimos ao abordarmos o

assunto "colocação pronominal".

- Qualquer tipo de ERRO DE REGÊNCIA (verbal ou nominal)

Exemplos : Assisti UM filme de terror que me deixou apavorado

(a forma correta seria "assisti A um filme de terror

que me deixou apavorado", já que "assisti um" é

o mesmo que "dei assistência", "tomei conta de",

etc.)

Preciso FALAR com vocês

(a forma correta para esta frase é "preciso DE

falar com vocês. Conforme destacamos, em

um de nossos encontros anteriores, O VERBO

PRECISAR, assim como o verbo NECESSITAR, de-

ve sempre ser seguido da preposição "de", já que

precisa ou necessita, precisa ou necessita "de")

Chega por hoje. Dê-ó-dó, mê-i-nê-min-

guê-ó-gó ...DOMINGO !!!

pedralis
Enviado por pedralis em 09/03/2008
Código do texto: T893604
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