João-de-barro

 

Quando o sereno primaveril anuncia mais um fim de tarde, me preparo para molhar as plantas do jardim.  A grama foi cortada, árvores podadas, o chão recebeu o rastelo, os simpáticos sapos de cerâmica, que imóveis, a tudo observam, foram devidamente realocados.  Um fresco aroma de terra revolvida invade todo o ambiente. Percebo que não estou sozinha, um amigável João-de-barro que passou o dia na olaria, resolve explorar o chão farto de insetos e larvas prontos para serem devorados.  Minha presença não o intimida, afinal, somos vizinhos de porta.  Continuo minha tarefa e ele agradecido pelo banquete, entoa um canto que mais parece uma gargalhada, satisfeito,  bate as asas e se despede.  A noite chega, também me despeço e antes de fechar a porta, dou uma última olhada para o alto do poste, lá a natureza é perfeita e reina absoluta.

 

oleiro sagaz

ele canta e trabalha - 

João-de-barro

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                     Sandra Laurita

 

 

*Interação do poeta amigo Solano Brum*

 

 Sem diploma, é arquiteto;

Tem família, constrói a casa,

Tão perfeita que, de seu teto,

Nenhuma gota d'água vaza. * *

 

 

*Interação do poeta Jacó Filho*

 

Quando esse construtor,

Faz a casa pra amada,

Tem na alma diplomada,

Sabedorias do amor...

 

 

*Interação do poeta Humberto Cláudio*

 

O joão de barro é uma lenda 

Moço bom, trabalhador 

Faz sua casa e não remenda. 

Vive ali seu doce amor.

 

*Interação do poeta Olavo*

 

"Ninho sem palhas 

Dum grande arquiteto 

João-de-barro" 

 

*Interação do poeta Herculano Alencar*

 

Meu vizinho, joão-de-barro,

Não tem número na casa.

Todo dia bate asa,

E canta um canto bizarro.

Enquanto fumo um cigarro

E encho o céu de fumaça,

O vinho tinto, na taça,

Docemente se insinua.

E lá, no canto da lua,

A poesia acha graça.

 

 

Sandra Laurita
Enviado por Sandra Laurita em 07/11/2021
Reeditado em 11/11/2021
Código do texto: T7380549
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