Haikai 61

No meio do pasto,

à sombra da castanheira

repousa o rebanho.

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Inspirado numa cena que presenciei em Rondônia e que jamais esquecerei.

Onde hoje só há pasto, a perder de vista, em passado recente havia densa floresta, com árvores seculares e das mais variadas espécies. Do desmatamento restou - por imposição legal - a majestosa castanheira protagonista da cena, isolada na imensidão das pastagens.

Sob o sol inclemente das primeiras horas da tarde daquele dia de verão amazônico, vários animais de um rebanho bovino, impecavelmente brancos, pacificamente disputavam cada palmo da sombra generosa oferecida pela bendita árvore.

Contemplando em silêncio aquele quadro, da janela do carro que seguia veloz pela estrada, cheguei a pensar que aqueles dóceis animais, ao tempo em que buscavam o alívio refrescante da sombra da castanheira, montavam guarda diante daquele tesouro verde, a fim de evitar que viesse a ter o mesmo fim de todas as outras árvores que um dia ali existiram...

A parte inferior do tronco daquela magnífica castanheira, como de outras que ainda se vê, ora aqui ora ali, em meio às pastagens, apresentava as feridas carbonizadas causadas pelas queimadas de todos os anos. Mas, apegada à vida, ela seguia resistindo... Até quando? - eu me perguntava, enquanto a cena ficava para trás...