Haicais
HAICAIS
As janelas dos prédios,
a tarde azulada,
o encanto de estar só.
Noite de suave frescor.
Longe das avenidas,
a lua, fulgente, no espaço.
O vento brinca,
cantando na folhagem.
As árvores murmuram.
Arde o crepúsculo:
fogueira nebulosa,
fluidos etéreos.
A lua brilha:
fúlgido candelabro.
Noite encantada.
Vertigem mística,
na tarde de outono.
Folhas crestadas.
A árvore do amor
espera a primavera,
para ter flores brancas e róseas.
Noite de solidão,
claro céu de setembro.
O silêncio das estrelas.
Noite de sexta-feira.
As pessoas andam apressadas,
rumo à sombra do não lugar.
Tarde de nuvens sombrias.
Silêncio, nos ramos verdes.
Brisa do anoitecer.
Finas agulhas de água.
Céu em transmutação.
Tarde de setembro.
Luar sublime,
sobre o mar cantábrico.
Noite visionária.
O vento ondula,
no lago esverdeado.
Anoitecer chuvoso.
A ladeira íngreme,
do lugar silencioso,
onde o sábio se refugia.
O doce aroma das árvores.
Céu de reflexos diluídos.
Estremecida solidão.
Infinito fluido abstrato.
Lua crescente
na profundeza do espaço.
A primeira chuva de outono
gelou o céu e a terra.
Ando introspectivo.
Portentoso cedro
de delicados filamentos
és símbolo de força e beleza.
O vento ondula
no lago esverdeado.
Anoitecer chuvoso.
Começa a chuviscar.
O guarda-chuva me anima
a seguir em frente.
O sol brilhou de súbito,
afugentando
a melancolia da tarde.
Diante da expansão azul,
respiro a pureza do ar.
Tenho pena de partir.
O frio outonal
crestou as folhas
e as espalhou pelo chão.
Uma queda na escada:
a dor, o gelo.
A intuição do karma.
Gato preto
no verde horto.
Sinos ao longe.
Há manchas no céu.
As estrelas se anunciam
além do nevoeiro.
Sol nos prédios,
chuva na calçada.
Caminhos inesperados.
Gotas como plumas
translúcidas.
Lucidez celestial.