HAIKAIS MATUTOS
ESCLARECIMENTO
Haikai é uma técnica
japonesa para compor
uma história sintética,
com grandeza e amor.
Há alguns critérios
exigidos na composição dos termos
do haikai e sérios
motivos para a liberação dos mesmos.
Composto por três versos
(um longo, dois curtos),
os haikais bem impressos
têm diferentes custos.
Custa caro escrever,
é barato publicar,
educa, com o prazer
exato de educar.
Tanto o primeiro quanto o terceiro
versos de um haikai profundo
devem ter cinco sílabas de esmero:
heptassílabo é só o segundo.
Meus haikais
são considerados
meio liberais
e estão modificados.
Eu mantive três versos
(um longo, dois curtos),
assim obtive diversos
haikais bastante matutos.
Evitei fazer umas contas
dos versos dos meus haikais:
apenas encurtei as pontas
e aumentei as sílabas centrais.
Ratifico o esclarecimento:
eu modifiquei a técnica japonesa
e publico todo sentimento
da lei de uma poética portuguesa.
Paulo Marcelo Braga
Belém, 11/02/2008
HAIKAI 01/2008
Segue a trilha,
acolhe bem teus filhos.
colhe uns milhos.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 02/2008
Afaga a face
de quem te ama:
nem reclama.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 03/2008
Revigora tua vida
contra a inveja alheia:
ora e não duvida.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 04/2008
Estima a rima,
compõe teu verso:
não desanima.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 05/2008
Faz do choro, que cai,
no canto dos teus lábios,
o decoro de um haikai.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 06/2008
Busca, lá no alto,
a inspiração didática:
educa o desacato.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 07/2008
Haikai, técnica japonesa
de sintetizar os versículos,
atrai a poética da beleza.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 08/2008
Amor é o poder
capaz de vencer,
sem esmorecer.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 09/2008
Todo verso escrito
tem trajeto constante
no universo infinito.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 10/2008
Poeta antigo
faz, do verso novo,
festa e abrigo.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 11/2008
O arco-íris
será meu adeus,
se partires.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 12/2008
Todo o décimo segundo
mês, prenúncio de novo ano,
tem acréscimo profundo.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 13/2008
Se um primeiro verso curto vai
para algum segundo bem mais longo
e encontra o terceiro, é o haikai.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 14/2008
Alguns vêm
com umas rimas;
outros, sem.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 15/2008
Se o sol não veio,
ainda não amanheceu:
por que o anseio?
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 16/2008
Faz, de uma espera,
exercício de paciência
e nunca te exaspera.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 17/2008
Atravessa uma ponte,
despreza esse abismo:
ingressa no horizonte.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 18/2008
Aproveita frases,
sublima os reveses:
aceita catarses.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 19/2008
Na melodia da chuva,
sobre o telhado antigo,
tem uma poesia turva.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 20/2008
Eu só vim te trazer
os meus vinte haikais,
que fiz com prazer.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 21/2008
Nunca mais pode ser
apenas daqui a pouco:
cuidado com o troco.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 22/2008
A visão noturna
da maresia parece
e é tão soturna.
Belém, 31/01/2008
HAIKAI 23/2008
Estou te esperando
e dos teus belos versos
eu vou recordando...
Belém, 01/02/2008
HAIKAI 24/2008
Parece ser uma frescura,
no entanto, minha intenção é
fazer prece, com ternura.
Belém, 01/02/2008
HAIKAI 25/2008
O ontem veio amanhã.
Ele ainda não foi embora:
tem na loucura uma fã.
Belém, 01/02/2008
HAIKAI 26/2008
O sonho encantado
está prestes a vir a ser,
aqui, bem realizado.
Belém, 01/02/2008
HAIKAI 27/2008
Parece que eu dormi,
porém permaneci alerta,
ao me recordar de ti.
Belém, 01/02/2008
HAIKAI 28/2008
Alguns círculos viciosos
poderão ser bem enquadrados,
por versículos judiciosos.
Belém, 01/02/2008
HAIKAI 29/2008
Vê se te anima e vai
compondo, sem hesitar,
a rima do teu haikai.
Belém, 01/02/2008
HAIKAI 30/2008
Eu fiquei o quê?
Com pensamento leve?
É: tomei saquê.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 31/2008
Existe realidade
refletida na virtualidade:
encara a verdade.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 32/2008
Pense com liberdade.
Refletir diante do espelho
sempre traz verdade.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 33/2008
Desmembrar o absoluto
e analisar bem a realidade
resultará no meu indulto.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 34/2008
Por que hei de ficar
nos cárceres dogmáticos,
se posso me liberar?
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 35/2008
Só para clarear os breus,
diga-me: qual é a vantagem
de não acreditar em Deus?
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 36/2008
É bruta a imprudência dos ateus.
Um fundamento científico confiável
não refuta a existência de Deus.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 37/2008
Para quem não sabe,
na boa técnica do haikai,
filosofia também cabe.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 38/2008
Há uma história imensa,
contada nas rimas dos versos,
que um haikai condensa.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 39/2008
Aquele arco-íris deixou
algumas cores primárias
para inserires no show.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 40/2008
Vê se responde a quem te chama.
Todavia, seleciona certos chamados
e não te esconde de quem te ama.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 41/2008
Como irás descobrir
uma verdade encoberta
se estás a te omitir?
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 42/2008
Investiga, com atenção,
se é que te convém investigar,
uma intriga da oposição.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 43/2008
Nem mau, nem bom,
haverá de ser conceituado
aquele meu real dom.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 44/2008
Acredito apenas nisso:
numa dose de ponderação
nas cenas de rebuliço.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 45/2008
Eu sou intérprete e autor
de um espetáculo romântico,
além de ser tiete do amor.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 46/2008
Há vida própria na cena
representando, no palco real,
aquela dúvida tão plena.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 47/2008
Confio, em parte,
na crítica posicionada:
só aprecio a arte.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 48/2008
Eu amo do meu jeito.
Se alguém quer me odiar,
nem reclamo e aceito.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 49/2008
A liberdade fundamentada
no correto respeito ao próximo
vem a ser verdade sagrada.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 50/2008
Apenas meia hora
é pouquíssimo tempo.
Então, não demora.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 51/2008
Existe a boa idéia
com a qual toda arte
abençoa a platéia.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 52/2008
Volte, se entender
a importância de voltar.
Devote-me prazer.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 53/2008
Gerúndio é fútil?
Dependendo do uso,
ele pode ser útil.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 54/2008
O futuro do presente,
do pretérito-mais-que-perfeito,
é bem puro, realmente.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 55/2008
Um pretérito imperfeito,
se for muito bem consertado,
terá o inquérito desfeito.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 56/2008
O macaco pulou
demais e um galho
fraco se quebrou.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 57/2008
A leoa saiu para caçar
e o leão ficou dormindo,
até a hora de almoçar.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 58/2008
A jararaca deu o bote
na codorna que lamentou:
Tô fraca até a morte.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 59/2008
Um tatu encontrou
o procurado formigueiro
e, assim, almoçou.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 60/2008
Um pinto piou,
a mucura escutou
e o abocanhou.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 61/2008
Um galo antigo
expulsou do terreiro
o frango inimigo
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 62/2008
Uma coruja dormiu
e a alvorada já refletiu
na água suja do rio.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 63/2008
Com tanta devastação,
e pouco reflorestamento,
desencanta-se a nação.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 64/2008
A melodia sensual,
de uma brisa noturna,
contagia um casal.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 65/2008
Todo beijo apaixonado,
duvido de quem duvida disso,
tem lampejo inspirado.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 66/2008
Ai de quem amar e ter
o desprezo de quem ama:
vai amargar desprazer.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 67/2008
Bem feliz quem verseja
e tem uma ordem atendida,
se diz:Vem e me beija.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 68/2008
Um cometa mergulhou
bem fundo no leito do rio
e uma luneta registrou.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 69/2008
Os cometas entrelaçados,
caudas e cabeças invertidas:
eis os óvulos fecundados.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 70/2008
A facção que te enfrenta
não está tão fácil de vencer?
Pelo menos, vê se tenta.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 71/2008
Desfaz esses teus insultos
e vê se respeita as liberdades
dos meus haikais matutos.
Belém, 02/02/2008
HAIKAI 72/2008
Tentei e consegui.
Se tu duvidas de mim,
lê o que eu escrevi.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 73/2008
Veja se perdoa setenta
vezes setecentas mil vezes
uma pessoa intriguenta.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 74/2008
Perdoa, mas admoesta
uma intriga tão desafinada
que entoa na tua festa.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 75/2008
Deixa de reclamar,
apenas por um instante,
e vamos conversar.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 76/2008
No reflexo
de um espelho
há o nexo?
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 77/2008
Lá vai uma cisma
levando embora daqui
o haikai sem rima.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 78/2008
Esperei um pouco,
superei adversidades
e já dei bom troco.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 79/2008
Chego e me apresento.
Digo: olá, o que tens feito,
pelego tolo e avarento?
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 80/2008
Oi, tenta fazer
o que sempre fiz
e viverás feliz.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 81/2008
Soma bem:
oitenta mais vinte
resulta cem.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 82/2008
Como tu és tão vil.
Divulgaste uns boatos
e ninguém te ouviu.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 83/2008
Eu libero uns versos
e nem conto as sílabas
dos meus impressos.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 84/2008
Uma gotícula orvalhada,
parida pela aurora boreal,
gesticula bem inspirada.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 85/2008
Na viagem, vislumbrei
todo o belíssimo reflexo
da imagem que amei.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 86/2008
Teus deslizes?
O que eu não disse,
tu vens e dizes.
Belém, 03/02/2008
HAIKAI 87/2008
O amor aconteceu
e se existem culpados
não és tu, nem eu.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 88/2008
Que culpa nós temos,
se nos amamos demais?
Nenhuma? Amemos!
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 89/2008
Chove e lembro
do nosso juramento:
foi em setembro.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 90/2008
Eu escrevo contigo,
bem aqui, na foz do rio,
meu acervo antigo.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 91/2008
Eis o que somos:
verdadeiros amantes.
E sempre fomos.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 92/2008
Nosso benefício
de termos amor real,
vale o sacrifício
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 93/2008
Eu rasguei o pergaminho
daqueles moralistas arcaicos
e fiquei com o teu carinho.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 94/2008
Ofereci respeito
a quem não merecia:
recebi despeito.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 95/2008
Todo enredo radical
de quem nos desacata
só tem pseudomoral.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 96/2008
Sim, chorei. E daí?
A ofensa radical me feriu.
Eu a superei e sorri.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 97/2008
Contra a maresia,
vou navegando em paz,
com minha poesia.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 98/2008
Logo estarei contigo.
Estou indo para a guerra
e abaterei o inimigo.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 99/2008
Nem te importa
se alguém nos olha
com cara torta.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 100/2008
Só importa
o amor vencer
toda revolta.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 101/2008
Nós somos obras-primas,
superamos quaisquer cismas,
e compomos umas rimas.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 102/2008
Um casal triunfante
sobre o falso moralismo
é, em geral, amante.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 103/2008
Se estou a te amar
e confio no teu amor,
nada vai me abalar.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 104/2008
Nem me humilho:
sei que sou bom pai,
além de bom filho.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 105/2008
Só falta pouco.
Está quase na hora
exata do troco.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 106/2008
Um decoro triunfou
sobre a prosa moralista:
meu choro acabou.
Marajó, 04/02/2008
HAIKAI 107/2008
Eu sempre deixo
falarem bobagens
e nem me queixo.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 108/2008
Nem escuto
maledicências:
só te refuto.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 109/2008
Desprezo teu show
de desacatos contra mim
eu prezo o que sou.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 110/2008
Eu não te afronto,
nem sabes o que dizes,
e te dou desconto.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 111/2008
Pode crer: sou culpado!
Minha culpa mais absurda
foi a de ter te respeitado.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 112/2008
Eu estou falando
o que ninguém te falou:
vivem te bajulando.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 113/2008
Tolice mais banal
é escutar as críticas
da velhice radical.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 114/2008
Dane-se quem me difama.
Desprezo falsos moralistas:
eu só amo quem me ama.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 115/2008
Indo embora,
vislumbro poesia
fluindo lá fora.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 116/2008
Aguarda por mim.
Ignora todos boatos:
tu és amada, sim!
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 117/2008
Dinheiro não traz
algo fundamental: o dom
verdadeiro da paz.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 118/2008
De que me adiantaria
eu ter dinheiro sobrando,
se me faltasse alegria?
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 119/2008
Detenho valores
bem mais valorizados:
priorizo amores.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 120/2008
Anseio por teus
ensinamentos amorosos
e creio em Deus.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 121/008
Desprezei outras vozes,
só escutei teus conselhos
e derrotei meus algozes.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 122/2008
Nos unimos, com prazer.
Aqueles nossos oponentes
nós conseguimos vencer.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 123/2008
Nosso amor simplório
partiu para uma reação
e venceu um falatório.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 124/2008
E o que mais
nós podemos fazer?
Amar em paz.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 125/2008
Lembre que sei
o quanto me amas.
Sempre te amei.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 126/2008
Nossa história,
contada em versos,
contém vitória.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 127/2008
Entôo minha voz
para louvar o amor:
perdôo um algoz.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 128/2008
O meu ciclo vitorioso
empossará no comando
um versículo amoroso.
Belém, 04/02/2008
HAIKAI 129/2008
Parece que é
minha única opção
a prece de fé.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 130/2008
Haikai
ergue o bem
que cai.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 131/2008
O meu haikai
já desmascara
quem me trai.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 132/2008
Eis o que você disse:
nem me avisaste nada!
Como se me ouvisse...
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 133/2008
Eu já te falei,
tu nem ouviste,
e me cansei.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 134/2008
Um verso do prólogo,
por ser rebuscado demais,
eu me esqueço logo.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 135/2008
Eu te critico
bem diretamente
e nem fuxico.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 136/2008
Sim, aceito
tentar sobreviver
lá no gueto.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 137/2008
Comprovo
o que pensas
e te aprovo.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 138/2008
Bem sutil,
o amor chegou.
Quem viu?
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 139/2008
Obter um bem das prudências
é para quem sabe, tão-somente,
ver muito além das aparências.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 140/2008
Como pedregulho,
jogado no rio, no trabalho,
eu logo mergulho.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 141/2008
Após eu trabalhar,
não sou teu escravo:
deverás me pagar.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 142/2008
Pago um preço,
bastante elevado,
pelo teu apreço.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 143/2008
Calo minha voz,
parto para a reação
e venço o algoz.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 144/2008
Escutaste bem.
Parte para o porto:
o navio já vem.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 145/2008
Eu vim embora,
perdeste a viagem:
que faço agora?
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 146/2008
Fica por aí
e me espera: vou
voltar pra ti.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 147/2008
Poderei me atrasar,
mas, pode ter certeza:
eu irei te encontrar.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 148/2008
Grandeza absoluta
é procurar pela vitória,
na miudeza da luta.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 149/2008
Quem se omite,
além de ter culpa,
também é triste.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 150/2008
Tirei meu escudo,
guardei minhas armas
e ganhei, contudo.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 151/2008
Lembro de nós dois,
colhendo maçã, feijão,
batata, milho e arroz.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 152/2008
É, sempre brota
o amor que importa
na nossa horta.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 153/2008
Com certeza,
irei à Pernambuco,
via Fortaleza.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 154/2008
Tomaste o gole
de um fraco aperitivo
e já ficaste mole?
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 155/2008
Eu acho é demais bom
permanecer bem ao teu lado
e desfrutar do teu dom.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 156/2008
Eu já superei
fases agitadas
e me quietei.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 157/2008
Voltei ao início,
pensei no meu futuro:
superei o vício.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 158/2008
Estou liberto
de todo tormento
contigo perto.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 159/2008
Tu és meu abrigo,
crê na minha gratidão:
eu sou teu amigo.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 160/2008
Eu estou aqui
e quero te oferecer
o que escrevi.
Belém, 09/02/2008
HAIKAI 161/2008
Toda poesia de Quintana,
apesar de bastante simplória,
tem uma filosofia bacana.
Belém, 10/02/2008
HAIKAI 162/2008
Último aviso: sou da paz!
Faço de tudo para não brigar.
Só não provoque demais...
Belém, 10/02/2008
HAIKAI 163/2008
Senta, bem na santa paz.
Medita sobre os meus cento
e sessenta e três haikais.
Paulo Marcelo Braga
Belém, 09/02/2008