:::__21 DE SETEMBRO DE 2008. __:::

Amanheci contemplando até onde meus olhos alcançaram

a distância percorrida no tempo da vida e, sorri...

Meu olhar fitou o infinito azul mesclado de uma garoa fina

onde um sol tímido insistiu e abriu, iluminando mais um dia

de um novo tempo e novamente eu sorri...

Sorri para mim mesma e orgulhosa agradeci esta dádiva que

agora, é ela quem sorri para mim.

Um novo tempo onde nada mais terá poder de me fazer sentir “descartável” e, novamente sorri...

Pouco a pouco fui enumerando lembranças, pessoas e fatos

que me permitiram chegar a esta manhã e, sorri...

Deus, como se por entre as nuvens estivera, também me sorriu...

Um toque de felicidade imensa me invadiu e novamente eu

sorri...

Aqui, a meu lado um casal de velhinhos também

sorriu e carinhosamente me chamaram com

voz já rouca... Filha! Entreolhamo-nos e juntos,

sorrimos... Eram meus pais, felizes por mim e eu, por

ainda tê-los e, novamente sorri...

Silenciosamente continuei contemplando aquele infinito céu

matinal e, novamente sorri...

Agora, eram dois rostinhos sem nada dizer, mas, muito

falaram auxiliados pela cumplicidade dos anjos do amanhecer,

e com toda a emoção que envolvia a alvorada deste dia,

sorrimos e eles apenas sussurraram... Mãe! Nós te amamos!

Não sei se estive em êxtase ou se o céu abriu-se, mas...

Novamente sorri e teimosas lágrimas também sorriram comigo...

Voltei a minha contemplação e novamente outra voz

timidamente me chamou e disse: ah! Se pudesse voltar

no tempo... E eu sorri...

Um sorriso doloroso, mas, de lá daquela altura alva,

naquele instante mágico, Deus acenou que sim, e surgiu o

perdão e novamente eu sorri...

Sorri para aquele homem com quem vivo há 33 anos

desde aquele dia da aliança eterna...

Era o meu esposo! Perdoado!(lágrimas)

Difícil...

Mas, não desisti e continuei na minha contemplação,

agora com mais luz, o sol já vencia as nuvens que insistiam

em escondê-lo e novamente eu sorri...

Sorri quando a voz de um anjo me chamou: você ta

“cholando”? E, com um abraço de alma me fez ver a

grandeza de tudo o que possuo e num gesto de extrema

ternura sorvi aquele abraço e disse: não Ddcinha, a vovó

está sorrindo... E novamente eu sorri e senti o gosto salgado

das minhas lágrimas que se misturaram a magia deste instante

e aquela voz pura a dizer: “eu amo você”, chora, mais não!

E eu sorri, sorri e chorei!

Voltei e o sol deste dia brilhava lá, e novamente fui chamada

e novamente sorri...

Agora era meus seis manos, cada um a seu modo me dizendo:

“amo você”. Novamente, sorri...

O tempo, este velho e sábio companheiro, conselheiro da

sabedoria, por alguns instantes me esperou e, naquele

abençoado instante tive certeza que a felicidade é

exatamente esta riqueza que levarei impregnada dentro

da minha alma e novamente sorri...

O tempo voltou a correr e rapidamente agora eram os amigos,

sim, meus amigos, que compartilharam deste momento e

eu sempre sorrindo agradeci a esta alvorada que traduziu

para mim o que é a plenitude do amor.

Chorei... Lágrimas desceram copiosamente e eu permiti.

Lavaram aquelas “sujas” lembranças e renovaram células

que insistiam em continuar atrofiadas pelo veneno mortal da “pequenez”.

Resolvi então que, não haverá mais espaço para a pequenez

e na mesma velocidade em que o tempo avançar, quero

estar sorrindo para um tempo novo. Um novo ciclo.

Ainda a pouco voltei a contemplar a imensidão agora escura

pela noite pouco estrelada e uma paz sagrada invadiu meu ser,

uma sensação sóbria, banhada por uma brisa fresca sanou

minhas inquietações egoístas e Deus novamente acenou como a

me dizer: caminhe menina, Sou Eu que controlo o tempo,

Sou eu que saro as feridas e... Eu também, te amo!

Novamente sorri...

Um novo riso, uma nova idade, uma nova mulher...

Amo as lembranças, as pessoas e todos os fatos que me

conduziram a este dia 21 de setembro de 2008 e me

permitiram exercitar sentimentos nobres e estrear um sentir

novo, algo inexprimível para uma menina de apenas...

15 anos!(risos) Será?! Bom dia novo tempo!

Tim... Tim...

A Deus! A vida! A meus filhos! A minha família!

A meus amigos! A você que está aqui, lendo!

Garanhuns, 3h04 de 22/09.

Míriam DOliveira
Enviado por Míriam DOliveira em 22/09/2008
Reeditado em 22/09/2008
Código do texto: T1190425
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