À memória de Luís Paulo de Pilla Vares, intelecutal socialista falecido essa madrugada em Porto Alegre

Doloroso momento.

Luís Paulo de Pilla Vares, acatado intelectual socialista gaúcho, faleceu na madrugada de hoje, 9.10.2008, em Porto Alegre.

Será velado a partir das 13 horas no crematório metropolitano, na Avenida Oscar Pereira.

A cerimônia de despedidas ocorrerá às 20 horas.

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Oportuno que se diga de Pilla Vares agora o que sempre disse a ele em vida. E que torne a agradecer o muito que me permitiu aprender na caminhada com ele. O que de certa forma facilitou que lhe pedisse para apreciar criticamente como sempre fez com escritos e, se o quisesse, apresentasse o meu primeiro livro O dia do descanso de Deus, o que, para minha felicidade, ele acabou por fazer, pelo que muito lhe sou grato.

Foi o Pilla Vares um intelectual de competência, que falava ao povo das necessidades das pessoas e das classes. E da paciência para que se pudesse examinar as circunstâncias, conservar o necessário e transformar o requerido, em movimento dialético permanente, o que defende na obra Socialismo e Liberdade e em muitos artigos sobre política.

Amigo simples e terno, um trabalhador incansável pela conscientização sobre a realidade e a necessidade dos gestos de verdadeira mudança, da revolução dos de baixo, pelo fim da iniqüidade.

O acompanhei no sindicato dos jornalistas gaúchos e mais tarde na secretaria da cultura do município e na do estado, um pouco antes, no PT, para onde sempre insisti que viesse estar com outros socialistas que lutavam pela liberdade, desde que começamos a trabalhar em 1980 no mesmo jornal em Porto Alegre.

Adeus Camarada.

Agora és Luz!

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11 Maio, 2007

O dia do descanso de Deus

Apresentação

Uma Tragédia Gaúcha

Luiz Pilla Vares

Conheço Adroaldo Bauer Corrêa há mais de 20 anos, quase 30. Nosso encontro primeiro foi na redação do jornal onde ambos trabalhávamos.

Ele era um redator competente, mas o que primeiro nos aproximou foram as lutas sindicais, num momento único de nosso sindicato, quando, creio que pela primeira vez, tivemos efetivamente um movimento de massas na luta pelos direitos profissionais. Depois, surgiu a identificação política nas idéias da esquerda socialista...

Não sei se por nosso longo relacionamento, em que partilhamos solidários vitórias e derrotas, Adroaldo Bauer me distinguiu para ser o apresentador de sua novela que agora chega aos leitores brasileiros, O Dia do Descanso de Deus.

E, nesses assuntos, sou muito exigente.

Disse-lhe claramente que, apesar de nossa amizade longa e, felizmente, duradoura, eu iria primeiro, sem nada lhe prometer, ler o texto. Se gostasse, escreveria. Se não, eu, com toda a franqueza, recusaria a honraria.

Mas aí está O Dia do Descanso de Deus, que li com prazer como deve ser a verdadeira relação de um leitor com a obra que tem em sua frente.

Pois a novela que agora se edita tem todos os ingredientes capazes de tornar a leitura agradável e prender o leitor até o fim.

O cenário é o Rio Grande do Sul, num vai e vem entre o interior do Estado e Porto Alegre. O tempo, de certa forma indefinido, são os anos de chumbo, que nunca são referidos diretamente, mas que pairam como nuvens cinzentas sobre todo o transcorrer da novela.

As personagens são familiares para quem vive no Rio Grande do Sul, mas que nunca caem na caricatura meramente regional. Todas são problemáticas e universais...

A história tem idas e vindas, sem que se transforme em um quebra-cabeças que muitas vezes se torna, na literatura moderna, uma chatice.

Nada disso.

A ausência de temporalidade linear contribui para o leitor se apoderar da personalidade e dos dramas de cada uma das personagens e chegar progressivamente ao caminho que conduzirá a um desfecho ao mesmo tempo trágico e reconciliador...

Temos agora, diante de nós, uma magnífica tragédia que vai enriquecer a nossa literatura. Desde já estou ansioso para ver nas livrarias e, como pretende o autor, nas bancas de jornais e revistas, O Dia do Descanso de Deus.

Aliás, um longo dia, que dura todo o tempo da novela.

Valeu a espera por Adroaldo Bauer escritor.