Américo José

Os anos 80 foram anos agitados na Baixada Fluminense, e entre tantas agitações que culminaram com as emancipações político-administrativas de boa parte dos distritos de Nova Iguaçu, tivemos os movimentos dos mutirões, onde migrantes de diversos locais do Brasil, radicados na Baixada, se reuniam em assembléias para discutirem o valor-cidadão da terra e a riqueza cultural desses homens e mulheres que reivindicavam morar, viver e produzir em diversas áreas devolutas, ou não, da Baixada Fluminense.

Foi por essa época, que conheci um jovem guerreiro, que tramava conscientemente uma resistência sócio-cultural no Mutirão de Nova Aurora, organizando jovens da comunidade através do teatro, da poesia e da música a fazer um juízo crítico das situações vividas por aquele momento, movimentos estes, ligados a Igreja Católica e de muita preocupação com os destinos de dezenas de jovens daquela nova comunidade.

Acompanhei, com a sensibilidade devida, o crescimento desse jovem, que se formou com muita dificuldade, se estabelecendo profissionalmente em Nova Aurora, onde formou uma bela família e a cada dia somava em sua existência grandes experiências advindas dessas inter-relações com os moradores da comunidade pelo prazer e a benevolência de estar sempre presente quando solicitado por um amigo aos grandes desafios de Nova Aurora.

Entendo, hoje, que o tempo de Deus e os mistérios da Espiritualidade de Luz, sabiamente e por merecimento, fortaleceram o espírito desse meu jovem amigo, que, com o seu olhar paciente, generoso e inquiridor sempre buscou nos olhos de todos nós os problemas imanentes de nossas almas, inclusive, àqueles que nos afetam fisicamente pela necessidade, nunca se furtando em oferecer o ombro amigo.

E hoje, mais uma vez me surpreende quando mostra uma preocupação com a preservação da memória da nossa cidade, resgatando com essa obra literária, registros e relatos que pela primeira vez, de forma mais nua e democrática, serão doados para o povo de Belford Roxo, um resgate a muito devido, mas que chega ao nosso alcance pelo trabalho e sonho realizado por esse irmão.

Agradeço muito a você, meu amigo e irmão, que antes e agora, sempre se preocupou com os manifestos sócio-culturais e artísticos do nosso povo, e hoje nos lega informações urbanas e sócio-ambientais imprescindíveis para futuros conhecimentos dos nossos filhos na busca da compreensão dessa cidade tão sofrida, tão maltratada, mas que tem muitas coisas boas de se ver e um belo povo do qual você é parte.

Américo José, Deus lhe abençoe sempre e muito obrigado por eu ser seu amigo e por ter a sua amizade e um agradecimento eterno por essa obra literária histórica e de grande relevância, fique na Luz.

Atenciosamente,

Vicente Freire

31 de outubro de 2008.