80 ANOS DE VIDA, DE SONHOS, DE POESIAS ...

80 ANOS DE VIDA, DE SONHOS, DE POESIAS ...

TITA, Minha amiga querida,

Você está completando 80 anos de idade ... E tão lúcida, tão bonita com sua cabeleira branca como se estivesse envolvida numa nuvem de algodão.

Você, amiga, que trabalhava de dia e à noite aproveitava os seus momentos de inspiração para espantar o cansaço fazendo versos...

Você, minha amiga cantora, que usou a sua voz privilegiada para alegrar a vida de tantas pessoas que por um descuido do destino acabaram seus dias num asilo de idosos...

Você, que nunca estudou teatro e que tão bem representou nos palcos da vida real e imaginária, viu chegar os seus 80 anos e tenho certeza de que, naquele dia, sua mente reviveu todo o drama porque tem passado: os momentos alegres, momentos tristes, enfim, tudo o que pôde registrar o seu “computador mental”.

Você, minha amiga, merece todas as glórias, todos os parabéns, todos os votos de felicidades, todas as graças de Deus, tudo.

Não é todos os dias que uma pessoa completa 80 anos de idade, principalmente com a vontade imensa que você tem de ajudar os seus semelhantes, embora muitas vezes precise ser ajudada.

Quando você gravou o seu primeiro CD “Cantando o Amor”, com várias músicas de sua autoria, quase completando 80 anos de idade, quase já ninguém acreditava em sua voz primorosa, só você e os amigos mais próximos ... e foi um acontecimento notável em sua vida tão sacrificada.

Agora, Tita, você não tem somente a sua poesia que, por si só, já seria uma vitória incontestável, para quem teve uma vida de tanta luta, de tantas incertezas. Tem o seu “Cantando o Amor” para provar que é uma grande vencedora.

Para comemorar as suas 80 primaveras, TITA, eu quero lhe oferecer um espaço em minha modesta escrivaninha do Recanto das Letras, para que os meus amigos, que são tantos, leiam suas Trovas e deixem suas impressões sobre o seu trabalho, deixem mensagens que transmitirei a você para que guarde como troféus.

Você já ganhou muitos troféus, mas nenhum deles merecerá mais carinho do que seus troféus virtuais que tenho certeza de que chegarão e você verá o quanto valeu a pena viver 80 anos para transmitir as suas experiências de vida, de lutas, de poesias, de amor.

Para que meus amigos recantistas tenham a dimensão da inspiração de Almerinda Liporage, a TITA, deixo aqui Trovas de sua autoria, do seu livro “Espelho da Alma”, oferecido pela UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES, Seção do Rio de Janeiro, para comemorar os seus 80 anos de idade e um poema em homenagem ao PARQUE DO FLAMENGO, escritos recentemente, esperando que sua obra seja apreciada por todos e TITA receba todo o carinho que merece.

Trovas de Almerinda Liporage, TITA:

Nós tanto nos pertencemos,

nosso amor vai tão além,

que nós dois já nem sabemos

qual de nós é mais de quem.

Cantiga que me conforta

da angústia ao sono da paz,

é o som da chave na porta

e teus passos logo atrás.

Mãe, por mais que eu me concentre

na importância do que faço,

não esqueço que teu ventre

foi o meu primeiro espaço.

Nosso amor tem tal magia,

que, mesmo em noites sem lua,

o luar, por cortesia,

brilha só na nossa rua.

Morre o amor ... o espólio é feito,

tudo partido em metade.

Minha inteira, por direito,

só ficou mesmo a saudade.

Com todo risco a correr

hei de em teus braços chegar:

Sou rio que, até morrer,

corre à procura do mar.

Mudou o jeito de amar...

E em nossa afeição madura,

a volúpia deu lugar

aos afagos da ternura.

Meus cataventos da infância,

em acenos coloridos

vejo ainda hoje, à distância,

catando sonhos perdidos.

Que valem os planos meus

de um dia acertar meus passos,

se o céu me acena com Deus

e eu busco o inferno em teus braços.

Prometo seguir teus passos

na prece em que me concentro,

até que a cruz dos teus braços

se feche, comigo dentro.

De que me vale um perdão

por muito amor que revele,

se não há mais emoção

em nosso toque de pele.

Do fogo, visão mais bela

que a minha, não há quem tenha;

vovó mexendo a panela,

num velho fogão de lenha.

Minha oração chegou tarde

e o final foi mesmo aquele:

quando um amor é covarde

nem Deus acredita nele.

Foi tão longo o nosso abraço,

que, as vezes, chego a supor,

que o mundo não tem espaço

para guardar tanto amor.

Meu orgulho se rebela,

mas o amor faz perdoar,

porque a saudade é janela

que eu nunca aprendo a fechar.

Em meus momentos aflitos

deixo-as nas faces rolando,

porque as lágrimas são gritos

dos meus sonhos se afogando.

Meus sentidos divagando

ao sabor dos teus afagos,

são garças brancas flutuando

na calmaria dos lagos.

No teu beijo terno e doce,

sem o ardor da mocidade,

eu sinto como se fosse

beijada pela saudade.

Do cair da noite à aurora,

a chuva, em suave rumor,

fez toda trilha sonora

das nossas cenas de amor.

Não reivindiques lembranças

nem me imponhas tua dor,

que eu não aceito cobranças

de quem é meu devedor.

Da rima sou arquiteta

e construo o que me apraz,

porque o mundo do poeta

são os versos que ele faz.

Cada segundo eu contei ...

Mas hoje o espelho mostrou

que o tempo que te esperei

a vida não me esperou.

Do meu leito eu te arranquei;

mas por mais forte que eu banque,

do meu coração, eu sei,

não há nada que te arranque.

Teu ciúme em demasia,

sem limite a respeitar,

transformou em tirania

tua maneira de amar.

Sem enredo a minha história

foi no tempo se perdendo:

se existe um dia de glória,

a vida está me devendo.

O espelho mostra inclemente,

nas marcas que o tempo aviva,

que hoje eu sigo para a frente

em contagem regressiva.

Quebraste a nossa harmonia,

e, escravizado ao teu jeito,

meu coração, hoje em dia,

é um corpo estranho em meu peito

Se cantar alegra a vida,

por que se vê, pelo chão,

tanta cigarra caída

no fim de cada verão?

PARQUE DO FLMENGO

Portal de entrada para a Zona Sul;

esperança que surge em todo lado

exposta alegre ao lindo céu azul

ante o olhar do carioca extasiado.

Ornando o mar em sombras altaneiras

intercalando imensas passarelas,

silhuetas de coqueiros e palmeiras

oferecem - se às vias paralelas.

E todo o ser ali, privilegiado,

tem do meu Rio a mais linda visão,

com Cristo Redentor no Corcovado

braços em cruz, expondo o coração.

É o parque, teatro verde onde o assistente

contempla no esplendor da natureza,

o nosso Pão de Açúcar imponente

ostentando seu marco de grandeza.

Verdadeiro colírio para o artista

emoldurando a praia em seu caminho,

vai estendendo a sua linda vista

num tapete gramado de carinho.

Destaque entre as paisagens mais bonitas,

decorado em ar puro e em esperança

o PARQUE é a bela sala de visitas

Onde até mesmo DEUS, chega e descansa !

Eis, meus queridos irmãos recantistas, uma amostra do trabalho poético de Almerinda Liporage, a TITA que, apesar de seus 80 anos já ultrapassados, continua fazendo versos, cantando e nos encantando.

Um grande abraço para todos com votos de FELIZ NATAL e Venturoso 2009, com muita inspiração e tudo o mais que se fizer necessário para uma felicidade plena e infinita da amiga que muito os admira, respeita e preza,

Maria Nascimento Santos Carvalho

Maria Nascimento
Enviado por Maria Nascimento em 12/12/2008
Código do texto: T1332606