SAUDADES(Um certo Chico Mineiro)

(Sócrates Di LIma)

Era tarde de setembro,

No arraial descampado.,

As flores cobriam os campos.

Traziam nas asas do vento,

Saudades de Chico Mineiro.

Eu chorando me lembrava,

Quando na folia cavalgava.,

Correndo atrás de uma boiada,

Brincando com meu irmão.

Não podia imaginar que um dia,

Isto fosse acontecer.

Por uma coisa tão banal,

O Chico ia morrer.

...e o Chico apartou-se de mim,

para sempre.

Era tarde de setembro.,

A viola chorosa repicava,

Eu chorando, me perguntava.,

Em que comboio o Chico estava.

No luar lá do sertão,

Uma estrela está sempre luzindo.,

É a estrela do meu irmão.,

Que para mim está sorrindo.

Eu vinguei a sua morte,

Mas, não mudou a minha sorte.,

Nem tirou este pesadelo.

Não toco mais a boiada,

Nem sopro mais meu berrante.,

Vivo por este mundo errante,

Porque desprendeu do meu peito de boiadeiro,

O sentido derradeiro.,

Do cabra forte, peão a vida.

As águas lá do riacho fundo.,

Vão remando lentas.,

E no meu remanso,

Leva alegria, leva esperança.,

E os ventos que voltam ao entardecer,

Trazem saudades,

Trazem lembranças.,

Do cavalgar do meu irmão de sangue,

Que para os campos do céu se foi.,

Decerto, tocando seu berrante está,

E o orvalho que umedece a relva nos campos.,

São gotas de lágrimas por não estar mais comigo.

Eu vinguei o meu irmão.,

Mas não findou meu pesadelo.,

Por que ficou a saudade do Chico,

Neste meu peito de boiadeiro.

Homenagem a uma das mais sensiveis canções raízes do sertão brasileiro interpretada pelos Gargantas de Ouro Tonico e Tinoco, os maiores intérpretes da musica raiz brasileira.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 24/12/2008
Reeditado em 14/09/2010
Código do texto: T1351389
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