Para sempre Patativa

O melhor momento da vida é saber que presentes são achados em meio ao inusitado e, há pouco tempo atrás, encontrei um lugar que mostrou-me o berço da cultura do nosso ceará, não falo da cultura geral, muito pelo contrário, falo de uma pitadinha da cultura local, bem ao sul, lá para as bandas do cariri uma região repleta de histórias e riquezas regionais foi nesse pensamento de argumentador pelo belo pouco valorizado pela massa populacional do estado que pude encontrar uma valorosa história de um homem que rasgou suas veias para poder extrair poesia da sua criatividade simplista pelas palavras rústicas, mas como o minério de outros cantos um valor sem precedentes.

Foi lá em Assaré, na bela cidade com poucos mil habitantes que desfrutei a beleza da poesia patativense, no laço que meu coração respingou pude pairar de vez na emoção de conhecer tal lugar e a única coisa que poderia ser feita era apreciar e botar meus dedos para dedilhar um teclado com meus anseios de escritor amador. Como foi gostoso escrever naquele lugar, deliciei-me em poder discutir com minha própria intuição o que poderia ou não fazer de tantos assuntos relatados e escutados através do povo da cidade que as rimas brotaram no poeta da terra.

Agora nesse ano, poucos messes mais a frente, em março para ser mais preciso, o senhor dessa história faria cem anos se não fosse o fim trágico de sua vida, a vida que trouxe várias alegrias no interior, na cidade e até no país e quem sabe até no mundo. O morador da roça e agricultor por tradição, mas na sua honra de homem pensador escreveu dos matos uma fortuna de letras ricas em rimas e passeio pelo costume popular em suas letras escritas ou cantadas, em versos ou cordéis, tudo pelo amor a este tipo de cultura que de tão bela jamais deveria ser encolhida.

É o homem Patativa que estou a falar, apelidado pelo soar do pássaro patativa, que encanta com seus sons abrindo o mato com sua líricas e finas cantigas todas as manhãs nesse sertão que muitos amam e tem como moradia o frescor da caatinga na sequidão do verão ou até, na fortuna viva do inverno de pouco tempo que brota folhas em galhos secos, no olhar de fora, até parece galhos mortos, mas na vivencia de casa, podemos dizer que são arbustos cheios de vida que apenas esperam o toque d’água cair do céu para florescer a solta na mata de espinhos e plantas doces. É assim que foi, é assim que é e que será o velho Patativa, espera apenas os pingos caírem na sua alma e ao florescer na memória de outra pessoa sempre estará vivo no tempo de agora e no momento de outrora sorrateiro e simples na imensidão do nosso coração.

ZUKER
Enviado por ZUKER em 02/01/2009
Reeditado em 02/01/2009
Código do texto: T1363597
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.