Vercingetórix

[Prólogo]

Uma vez mais entre as muralhas da civilização

Ecoam as trombetas no centro do mundo

No compasso das legiões, em marcha revestida de glória

Sob acordes que ocultam destinos tragados pela tirania

I

Venho a vós, irmãos,

Hoje, dispersos pela mão da opressão

Deveis pois unir-vos pelo valoroso sangue celta

E pelo sagrado solo da Gália

II

Ofereço-vos minha espada e meu brado de liberdade

Clamo-vos, sob fogo inimigo, disciplina e lealdade

Pois aos deuses civilizados não existe sangue inocente

E aos déspotas, importa o poder, carruagem una para o Olimpo

III

Pelo sul e pelo norte, cerca-nos o implacável oponente,

O conquistador rasgando os ventos em púrpuro manto de ganâncias

Em comando, sua máquina de guerra ceifa corpos e consciências

Mas nestes dias insólitos, caro será suplantar nossa bravura

IV

Ressoai, druidas, em cânticos de orgulho bárbaro

A coragem digna de guerreiros dignos

Para que não se faça, na história, tumba do cerco a Alésia

Avante, homens! Ao ofegante encontro com honrosa morte

V

Lutai ó irmãos, seja o aço o preço de vossa submissão

Deixai o fogo de vossos olhos refletir os anos de privação de nosso sol

Pois o que são o sangue e as lágrimas de nossas mulheres e crianças

Para aquele que persegue a divindade?

VI

E tendo caído a heroica resistência bárbara

Eis que o levante da Gália lança à história suas cinzas,

Eis que nossas espadas e escudos jamais encontrarão espíritos

Que os possam empunhar à altura de nossa dignidade

VII

E tendo sobre nossa derrota o escárnio do demônio

Cabe-me, ao bem da Gália, oblatar-me em cárcere

Glória, inominada glória, pelos vales de meu último ato

Teu silvo guia meu corcel até o tribunal de César

VIII

Sob injúrias e acusações indignas de um rei

Em silêncio ponho-me ante a fúria do vencedor

Tenho, irmãos, a carga do vosso sangue nos grilhões que nos apartam

Conduzindo-me aos sombrios dias que me aguardam

[Epílogo]

Uma vez mais na passarela da vitória

Soam as trombetas nos labirintos da história

Breve é minha vida, eternos serão meus suplícios

Sob o jugo e a euforia dos que me exibem como máximo troféu

Isaque
Enviado por Isaque em 11/01/2009
Reeditado em 01/12/2022
Código do texto: T1378747
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