DUELO
No tempo em que os índios voavam,
alguns deles, em sobrevoo a Lorena,
deram para atirar flechas sobre a cidade.
É que lutavam por acertar numa grande serpente
que deslizava por ali e que havia já engolido
alguns guerreiros.
Um amigo da serpente, o vento, vendo
ameaçada a amiga, soprava as setas e estas se iam
fixando em partes distintas da região, nunca acertando o alvo.
Assim é que, ainda hoje, vemos espalhadas por algumas ruas
e praças vestígios dessa peleja; enormes flechas abruptamente
fincadas no chão, que agora, serenas, acariciam os céus de Lorena e
estão como testemunhas de um tempo saudável, feliz.
A serpente agoniza, e, desalentada, entre as encostas de duas serras,
desliza ofegante, não do ataque dos índios,
mas ofendida do convívio com os brancos,
de cujo mal o vento não a pôde salvar.
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(Homenagem à aprazível Lorena - SP, terra das Palmeiras Imperiais, que precisa coar bem a água do Paraíba do Sul, a fim de não engolir o lixo que as cidades valeparaibanas enfiam na goela do rio). Coisas de um progresso desatento.