RETRATO DE MÃE

Uma simples mulher existe que, pela imensidão

de seu amor, tem um pouco de Deus, e, pela cons-

tância de sua dedicação, tem muito de anjo, que

sendo moça, pensa como uma anciã e, sendo velha,

age com as forças todas da juventude, quando

ignorante melhor que qualquer sábio, desvenda os segredos da vida, e, quando sábia, assume a

simplicidade das crianças, pobre sabe enrique-

cer-se com a felicidade dos que ama, e rica em-

pobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos, forte, entretanto estreme

ce ao choro de uma criancinha, e, fraca entre-tanto se alteia com a bravura dos leões.

Viva não lhe sabemos dar valor porque à sua som-

bra todas as dores se apagam, e, morta tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-

la de novo, e dela receber um aperto de seus bra

ços, uma palavra de seus lábios. Não exijam de

mim que diga o nome dessa mulher, se não quize-

rem que ensope de lágrimas este álbum, porque eu

a vi passar no meu caminho.

Quando crescerem seus filhos, leiam para

eles esta página, eles lhes cobrirão de beijos

a fronte, e dirão que um pobre viandante em tro-ca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria MÃE.

Don Ramon Angel Jara

Bispo de La Serena - Chile

Texto escrito em um álbum.

WILSON FONSECA
Enviado por WILSON FONSECA em 11/05/2006
Reeditado em 11/05/2006
Código do texto: T154022
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