EDITH PIAF

                     
 

Édith Giovanna Gassion nasceu em Belleville, um bairro de imigrantes da capital francesa. Sua mãe Annetta Giovanna Maillard, era de ascendênciaítalo-cabila e cantava nas ruas e em cafés com o pseudônimo de Line Marsa. Seu pai Louis-Alphonse Gassion trabalhava no circo como contorcionista e tinha um passado teatral. Quando pequena, Édith foi deixada por sua mãe, por um curto período, com sua avó materna. Pouco tempo depois seu pai, voltando da guerra, encontrou-a enferma. Ele procurou sua mãe e pediu pra ela cuidar da Édith para ele poder voltar a servir o Exército Francês (em 1916). A avó paterna de Édith na época trabalhava em um bordel, o que fez com que Édith tivesse contato com prostitutas e seus clientes, tornando-se ela mesma prostituta e o que ocasionou nela um profundo impacto em sua personalidade e visão sobre a vida. Aos seus 7 ou 8 anos, ela perde momentaneamente sua visão por razão de uma queratite. Ela chegou a ir ao túmulo de Santa Teresa do Menino Jesus na cidade de Lisieux para pedir que a curasse. Oito dias mais tarde Édith estava curada, o que a fez se tornar devota daquela santa.

Em 1919, quando seu pai volta da guerra, ele a busca e retoma sua vida artística como contorcionista. Édith o acompanha ajudando-o nas ruas e mais tarde em pequenos circos itinerantes. Não demorou muito ela já estava cantando pelas ruas sozinha. Aos 17 anos, Édith se apaixonou por Louis Dupont com quem teve uma filha, Marcelle, que morreu de meningite aos dois anos de idade.


          

Cantora de cabaré

Em 1935, ela conhece Louis Leplée, dono do cabaré Le Gerny's, situado na avenida Champs Élysées, em Paris. Foi ele quem a iniciou na vida artística e a batizou de "la Môme Piaf", uma expressão francesa que significa "pequeno pardal" ou "pardalzinho", pois ela tinha uma estatura baixa. Lepleé, vendo o quão nervosa Piaf ficava ao cantar, começou a ensinar-lhe como se portar no palco e disse-lhe para começar a usar um vestido preto quando se apresentasse, vestuário que mais tarde se tornou sua marca registrada como roupa de apresentação. Ele também fez enorme campanha para a noite de estréia de Piaf no Le Gerny's, o que resultou na presença de várias celebridades, como o ator Maurice Chevalier. Sua apresentação em cabarés possibilitou-lhe gravar seus dois primeiros discos naquele mesmo ano, um deles escrito por Marguerite Monnot, que Piaf acabou conhecendo no cabaré de Leplée e que se tornou sua parceira e grande e fiel amiga por toda sua vida.

No ano seguinte (1936), Piaf assina contrato com a Polydor e lança seu primeiro disco "Les Mômes de la Cloche", que se torna sucesso imediato. Mas em abril desse mesmo ano, Leplée é assassinado em seu domicílio. Piaf é interrogada e acusada de cúmplice, mas acabou sendo absolvida mais tarde. Ele foi morto por bandidos que tiveram, num passado não muito distante, laços com Piaf, o que gerou uma atenção negativa sobre ela por parte da mídia, ameaçando, assim, sua carreira. Para reerguer sua imagem, ela recrutou Raymond Asso, com quem, mais tarde, ela também viria a se envolver romanticamente. Foi ele quem mudou o nome artístico dela de "La Môme Piaf" para "Édith Piaf" e encomendou a Monnot canções que tratassem unicamente do passado de Piaf nas ruas.

Vedete de music-hall

Em março de 1937, Édith estréia sua carreira de cantora de música de salão, e se torna imediatamente uma grande vedete da chanson francesa, adorada pelo público e difundida pela rádio.

Ainda no fim da década de 30, Piaf triunfa na Bobino, famoso music-hall parisiense, assim como no teatro em 1940 na peça de Jean Cocteau Le Bel Indifférent, escrita especialmente para ela, e que a fez contracenar com seu então companheiro, o ator Paul Meurisse. Ela começa aí a conhecer pessoas famosas como o poeta Jacques Borgeat.

La Vie en Rose

Na primavera de 1944 em Paris, ela descobre o jovem cantor Yves Montand que viria a ser seu parceiro e amante. Dentro de um ano ele se torna um dos cantores mais famosos da França. Piaf acaba desfazendo o relacionamento quando ele está perto de alcançar o mesmo sucesso dela.

Ainda em 1944 o pai de Piaf morre, e, no ano seguinte, ela também perde sua mãe.

Édith começa a escrever canções, sendo auxiliada por compositores na parte musical. Contudo, em 1945, Piaf escreveu, sem a ajuda de quem quer que seja, um de seus primeiros títulos: "La Vie en Rose" (gravada em 1946), é a canção mais célebre dela e tornou-se um clássico.

Durante esse tempo Piaf estava fazendo muito sucesso em Paris e em toda França. Após a guerra, tornou-se famosa internacionalmente, excursionando pela Europa, Estados Unidos e América do Sul. Entretanto, de início ela se deparou com pouco sucesso entre o público norte-americano. Mas, após a publicação de brilhante matéria de proeminente crítico de Nova Iorque, Piaf viu seu sucesso crescer ao ponto de sua popularidade levá-la a se apresentar oito vezes no Ed Sullivan Show e duas vezes no Carnegie Hall (1956 e 1957).

Vida amorosa

Édith Piaf teve vários romances. Os mais conhecidos foram com Marlon Brando, Yves Montand, Charles Aznavour, Théo Sarapo, Georges Moustaki e Marcel Cerdan.

Em uma turnê em Nova Iorque, em 1948, conhece o pugilista francês Marcel Cerdan, com quem inicia um tórrido romance. Marcel Cerdan vivia no Marrocos e morreu em acidente de avião em 28 de outubro de 1949 em um vôo de Paris para Nova Iorque, onde a iria reencontrar. Arrasada pelo sofrimento, Édith Piaf aplica-se fortes doses de morfina. Seu grande sucesso Hymne à l'amour e Mon Dieu, foram cantados por Édith em sua memória. Marcel Cerdan é tido como o grande amor da sua vida.

Em 1951, o jovem cantor Charles Aznavour converte-se em seu secretário, assistente, chofer e confidente. Ela ajudou a decolar sua carreira, levando-o em turnê pelos EUA e pela França e gravando algumas de suas músicas.

Em setembro de 1952 casa-se com o célebre cantor francês Jacques Pills, do qual se divorcia em 1956.

Começa uma história de amor com Georges Moustaki ("Jo"), que Édith lança para a música. Ao seu lado sofreu um grave acidente automobilístico no ano de 1958, e piora seu já deteriorado estado de saúde e sua dependência em morfina. Édith grava novo sucesso, a canção Millord, da qual Moustaki é o autor.

Édith Piaf morreu em 10 de outubro de 1963 à Plascassier (na localidade de Grasse nos Alpes-Marítimos) aos 47 anos, com a saúde abalada pelos excessos, pela morfina e todo o sofrimento de uma vida. O transporte de seu corpo a Paris foi feito clandestina e ilegalmente e seu falecimento foi anunciado oficialmente em 11 de outubro em Paris. Édith faleceu no mesmo dia que seu amigo Jean Cocteau. Édith foi enterrada no cemitério do Père-Lachaise, (division 97).

                       

(Casa de Édith Piaf - Suas grandes amizades)

Édith Piaf influenciou grande parte dos artistas de sua época. Tornou-se, principalmente, uma ponte para que estes se conhecessem; geralmente seu círculo de amizade se encontrava em sua casa. Foi na residência da cantora que grandes nomes da música francesa tiveram o primeiro contato e em diversas vezes iniciaram maravilhosas parcerias musicais, como por exemplo, Gilbert Bécaud, Jacques Pills (célebre cantor francês com quem a intérprete se casou em setembro de 1952), Jacques Plante, Louis Amade, Charles Aznavour (com quem também teve um caso amoroso), Jean Broussolle, Yves Montand, Jacques Prévert, Francis Lemarque, entre tantos outros, hoje também consagrados na história fonográfica da França e do mundo. Segundo Marc Robine em seu livro «Il était une fois La chanson française : Des trouvères à nos jours», é na casa de Piaf que Gilbert Bécaud começa sua amizade com Charles Aznavour com quem ele escreverá diversas canções cujas algumas como Mé qué me qué ou La Ville, serão registradas por cada um deles, interpretadas e preparadas de maneira bem diferente. É ainda na casa da cantora que Bécaud reencontra Jean Broussolle – das Compagnos de La Chanson – que lhe escreverá as letras de Alors, raconte; as quais Compagnons registraram, no curso de sua longa carreira, uma gama de canções de Bécaud e Aznavour. Ainda na residência de Piaf, Charles Aznavour conhecerá Jacques Plante que virá a ser um de seus grandes colaboradores (For me...formidable, La Bohème, Les Comédiens...). Assim, pouco a pouco, o círculo de relações e de colaborações de Piaf foi se alargando ainda mais. Numa época que, imediata ao pós-guerra, via nascer toda uma nova geração de artistas, não só a cantora teve apoio incondicional de seus amigos, todos maravilhosos profissionais de música, mas também ajudou na carreira de muitos deles.

Referência Bibliográfica: ROBINE, Marc. Il était une fois La chanson française: Des trouvères à nos jours. Paris: FAYARD, 2004.

 

Música “L'accordéoniste”, por Édith Piaf

No livro de Mikhail Bakhtin, “A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: O Contexto de François Rabelais”, nos é apresentada uma análise acerca do “universo rabelaisiano”. Valores que destinamos às elevadas percepções da vida, dos objetos e de nós mesmos são rebaixados em sua criação literária e o “baixo” material e corporal se torna, pois, elevado e bastante valorizado. Oportunizando, assim, uma renovada interpretação estética de mundo. Cenários apresentados por canções realistas francesas, principalmente pela Java, possuem de certa forma, tal referência. Há a valorização do “baixo corporal” e do submundo urbano em tais canções.

Ilustro tal conceito sobre a valorização do “baixo” material e corporal, com a canção “L’accordéoniste” de Michel Emer, interpretada por Édith Piaf em 1954:

“L’accordéoniste”

La fille de joie est belle/ Au coin de la rue là-bas/ Elle a une clientèle/ Qui lui remplit son bas/ Quand son boulot s'achève/ Elle s'en va à son tour/ Chercher un peu de rêve/ Dans un bal du faubourg//

Son homme est un artiste/ C'est un drôle de petit gars/ Un accordéoniste/ Qui sait jouer la java//

Elle écoute la java/ Mais elle ne la danse pas/ Elle ne regarde même pas la piste/ Et ses yeux amoureux/ Suivent le jeu nerveux/ Et les doigts secs et longs de l'artiste/ Ça lui rentre dans la peau/ Par le bas, par le haut/ Elle a envie de chanter/ C'est physique/ Tout son être est tendu/ Son souffle est suspendu/ C'est une vraie tordue de la musique//

La fille de joie est triste/ Au coin de la rue là-bas/ Son accordéoniste/ Il est parti soldat/ Quand y reviendra de la guerre/ Ils prendront une maison/ Elle sera la caissière/ Et lui, sera le patron/ Que la vie sera belle/ Ils seront de vrais pachas/ Et tous les soirs pour elle/ Il jouera la java//

Elle écoute la java/ Qu'elle fredonne tout bas/ Elle revoit son accordéoniste/ Et ses yeux amoureux/ Suivent le jeu nerveux/ Et les doigts secs et longs de l'artiste/ Ça lui rentre dans la peau/ Par le bas, par le haut/ Elle a envie de chanter/ C'est physique/ Tout son être est tendu/ Son souffle est suspendu/ C'est une vraie tordue de la musique//

La fille de joie est seule/ Au coin de la rue là-bas/ Les filles qui font la gueule/ Les hommes n'en veulent pas/ Et tant pis si elle crève/ Son homme ne reviendra plus/ Adieux tous les beaux rêves/ Sa vie, elle est foutue/ Pourtant ses jambes tristes/ L'emmènent au boui-boui/ Où y a un autre artiste/ Qui joue toute la nuit//

Elle écoute la java.../ ... elle entend la java/ ... elle a fermé les yeux/ ... et les doigts secs et nerveux .../ Ça lui rentre dans la peau/ Par le bas, par le haut/ Elle a envie de gueuler/ C'est physique/ Alors pour oublier/ Elle s'est mise à danser, à tourner/ Au son de la musique.../

...ARRÊTEZ ! Arrêtez la musique ! ...

(Os grifos atentam-se para a temática do universo que fala do ‘baixo corporal’ e quanto ao cenário composto pelo realismo urbano)


              
 

Breve consideração...

A 'Dama da Noite', uma prostituta, está apaixonada por um acordeonista que se torna soldado e vai para a guerra. O cenário presente onde se situa a moça é apresentado no início da canção e se repete mais duas vezes, ao longo da mesma, para situar o momento presente narrado onde a moça esquece os sonhos permitidos pela java e retorna à sua rotina ‘au coin de la rue là-bas’. É intrigante que o devaneio da protagonista ao imaginar-se casada com seu amado nos conduz a uma percepção, a meu ver, de que ambos se tornariam donos de um bordel, no qual ela seria a responsável pelo dinheiro e ele o cafetão (‘Quand y reviendra de la guerre/Ils prendront une Maison/Elle sera la caissière/Et lui, sera le patron’). Mesmo em universo onírico sua realidade está intrínseca. Outra atenção que devemos ter é quanto à condução de um som mais elevado do acordeom feito a partir da palavra ‘java’, a qual proporciona os sonhos da protagonista. Alguns versos contidos neste elevado som do acordeom, tendem ao ‘universo que fala do baixo corporal’, como por exemplo, ‘Et les doigts secs et longs de l'artiste/Ça lui rentre dans la peau/Par le bas, par le haut’, apresentando assim, o cenário urbano que originou a java. Distante do amado acordeonista, a moça entrega-se a outro artista movida pela java, nesse momento, além de ouvi-la começa à entendê-la: ‘Elle écoute la java.../... elle entend la java’, assim, fecha os olhos nas mãos do novo amado.

Referência Bibliográfica: BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento : O contexto de François Rabelais. Tradução: Yara Frateschi. São Paulo: HUCITEC; Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1993.

Discografia • 1935 : Les Mômes de la Cloche, label Polydor premier 78 tours enregistré par Piaf. Directeur Artistique : Jacques Cannetti. Edith Piaf : Simple comme bonjour/Le vagabond- Polydor 524.780 ( 78 tours) Edith Piaf : Browning/C’est toi le plus fort-Polydor 524.356 ( 78 tours) Edith Piaf : J’ai dansé avec l’amour/C’est un jour de fête- Polydor 524.706 ( 78 tours) Edith Piaf : Correqu’ et reguyer/Entre saint-ouen et billancourt-Polydor 524.323 ( 78 tours) Les compagnons de la chanson et Edith Piaf : C’est pour ça/Les yeux de ma mère-Columbia DFX247 ( 1947) Les compagnons de la chanson et Edith Piaf : Dans les prisons de nantes/Céline-Columbia DF3053 ( 78 tours) • 1954 : De l'accordéoniste à Milord • 1961 : Olympia 1961.

Fonte de pesquisa e informação:

http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dith_Piaf#Inf.C3.A2ncia

Todas as imagens usadas nesta homenagem, foram linkadas.


Edith Piaf, grande voz e intérprete da música francesa e ao ver o filme PIAF - UM HINO AO AMOR, me apaixonei ainda mais pela pessoa maravilhosa que foi esta Mulher que viveu intensamente cada momento de sua vida, acreditando sempre no amor e na verdade.
Origem: Wikipédia e a enciclopédia livre
Enviado por Angela Lara em 16/04/2009
Reeditado em 19/09/2021
Código do texto: T1541705
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