NAVEGADOR SOLITÁRIO

Ao mestre e irmão Silvério Duque.

Com temor e tremor.

Aos homens

meu silêncio é paciência.

A Deus,

e mais a mim

é tormento.

Tormento

por tocar as estrelas

e não poder

permanecer junto a elas.

Tormento

em fechar os olhos,

encontrar a substância

do Ser e,

após abrir-me,

morrer

como um

cordeiro mudo.

Não quero

o soluço

das aves

á porta

de meu túmulo.

Nem no jazigo

o perpétuo

está-se morto.

Não jogo

aos cães

o meu

presente.

O meu futuro

não é meu. As

garras sim.

As falhas

sim. As sendas

rudes sim.

Mas estou tão só quanto as ilhas do Saara.

Tão só quanto as ondas do Atlântico.

Tão só quanto as folhas do outono.

Estou só, sempre só.

Porque sou todo um oceano.

Mas tudo é memória.

Júlio Miguel
Enviado por Júlio Miguel em 03/05/2009
Código do texto: T1572853
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