"SAMPA"

tanto, tanto concreto

e eu, abstrato

absorto, discreto

desenho o teu retrato

nas vigas de aço

que te sustentam

e te dão forma:

côncava, convexa

cômica, complexa

assombra-me

a tua sombra

noites insones

domicílio dos sonhos

luzes tenazes

vaga-lumes vorazes

passam e não se vêem

“homens de trapo

imitam a vida”

flores de pedra

confusa intriga

casas de gigantes

arranhando o céu

e eu, abstrato

absorto, perplexo

de alma vazia

absorvo a poesia

latente no teu

concreto.

João Nery Pestana
Enviado por João Nery Pestana em 22/05/2006
Reeditado em 22/05/2006
Código do texto: T160797