"SAMPA"
tanto, tanto concreto
e eu, abstrato
absorto, discreto
desenho o teu retrato
nas vigas de aço
que te sustentam
e te dão forma:
côncava, convexa
cômica, complexa
assombra-me
a tua sombra
noites insones
domicílio dos sonhos
luzes tenazes
vaga-lumes vorazes
passam e não se vêem
“homens de trapo
imitam a vida”
flores de pedra
confusa intriga
casas de gigantes
arranhando o céu
e eu, abstrato
absorto, perplexo
de alma vazia
absorvo a poesia
latente no teu
concreto.