Pe. Lima Vaz

Henrique Cláudio de Lima Vaz: uma síntese humanística

Lima Vaz, um dos maiores representantes do humanismo no Brasil, foi um sacerdote jesuíta, o que significa dizer, entre outras coisas, que recebeu uma sólida formação aristotélico-tomista em termos de escolástica. Quanto à filosofia contemporânea, foi leitor assíduo da fenomenologia e do neo-positivismo, o que lhe valeu todo o arcabouço teórico em nível de criticidade a essa corrente de pensamento dentro de sua evolução na cultura contemporânea.

De regresso ao Brasil depois de se doutorar em Roma, os desafios da práxis social o impele ao aprofundamento do pensamento de Hegel e de Marx. Sendo que o pensamento hegeliano ocupará o centro de sua reflexão no afã de sintetizar a proposta cristã face aos desafios da contemporaneidade.

A “reflexão filosófica está centrada na problemática do homem” em diálogo com outras tradições filosóficas buscando elucidar o significado da existência humana dentro da gama de situações paradoxais da sociedade pós-moderna. Para Vaz, “esta em pauta um esforço para constituir uma visão do homem que possa dar conta de sua multíplice experiência existencial”.

Para Lima Vaz a filosofia é a essência espiritual da cultura cabendo, portanto, ao pensador elucidar essa essência em moldes que sejam inteligíveis a todo a uma população. Nisso percebe-se que a maior influência a qual está submetido o pensamento vaziano é o cristianismo.

O pensamento filosófico de Lima Vaz é um diálogo com a história da filosofia em sua evolução dialética. Deste modo, o arco de reflexão da filosofia vaziana se estende da antiguidade à pós-modernidade entrevendo suas evoluções e suas involuções dentro de uma perspectiva hegeliana a qual vislumbra o alcance de um espírito absoluto ao final da história. Ao passo que faz semelhante coisa não deixa de lado a questão antropológica o que o qualifica como sendo uma neo-humanista. É por isso que Lima Vaz é sensível as contribuições das expressões modernas e contemporâneas da filosofia: a própria ciência quando deixa de ser puramente naturalista, vislumbrando coordenadas antropocêntricas, às filosofias da história e da práxis, às filosofias da existência e da pessoa.

SEVERINO, Antônio Joaquim. A Filosofia Contemporânea no Brasil: Conhecimento, política e educação. Vozes, Petrópolis, 1999

Dranem
Enviado por Dranem em 31/05/2009
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