PALAVRAS
( a todos os poetas )
Fogem de minha garganta
Como prisioneiros que avistam a liberdade
As palavras que agitam o meu pensar
Qualquer coisa as incomodam
E como ondas de antenas ligadas ao imponderável
Formigam em minhas entranhas
Provocam o inconciente, me deixa alerta
Me tira da cama.
Boca maldita! não consegue então ficar calada
Deixa escapar garganta afora palavras entubadas
Que saem latejando pela jugular
Escapando de mim, tropeçando em vocabulários
Em encontros claramente consonantais,
Tímidos encontros vocálicos
E quando vejo, lá está!
Cachoeiras de frases, umas com ritmos, rimas,
Outras, nem tanto, parecem mais qualquer coisa
Desarvorada, uma fuga em massa,
Arrebentação de marés, estouro de boiadas.
Como são belas todas elas
Algumas obscuras, como “morte”
Outras empíricas, como “ sorte”
Mas, se assim as compararmos
Não podemos deixar de falar de amor,
Paixão, ternura, sonho, liberdade, nascimento...
Não podemos deixar de nascer...
Palavras.