Rei do Baião,
Desde que sua sanfona branca - há vinte anos - parou de tocar, nunca mais o ABC do Sertão foi o mesmo...
A sabiá olha para o céu e vê o assum preto, cego dos zói, cantando de dor, lamentando sua triste partida...
O luar do sertão nunca mais foi o mesmo, falta o vôo de sua asa branca...
A súplica cearense, sai sangrando nas vozes da seca...
A vida de viajante não é a mesma sem os dezessete e setecentos da Karolina com o K, que não tem mais cintura fina...
Ficou a saudade do forró no escuro lá no meu pé de serra, onde era danado de bom olhar o riacho do navio...
Nunca mais ouvimos uma lorota boa embaixo do juazeiro ou sentados, as margens da lagoa do amor...
Mas, nessa estrada da vida tem sempre alguém subindo para o céu, deixando uma rede véia no sertão sofredor...
Descanse em paz no jardim da saudade, Januário vai tocar o baião dos namorados para amenizar a saudade da terra boa...
Depois do adeus, o baião ficou ruim qui nem jiló, mas com certeza teve festa no céu...
Saudades Gonzagão, você foi muito mais que o filho de Januário e o pai de Gonzaguinha...
*N.A: As palavras em destaque são títulos de músicas do Rei do Baião.