EU SOU O INÍCIO, O FIM E O MEIO...
Mesmo não querendo ser um messias indeciso, eu acredito que você ainda pode sonhar, portanto, olhe a lua bonita, tente outra vez, e não pare na pista;
Não tenha medo da chuva pois, como vovó já dizia, não viva como o diabo gosta, mesmo que acreditem que você seja um maluco beleza, alcapone ou cowboy fora da lei;
Sabe aquela paranóia de querer sempre um minuto a mais e acreditar que nasci há dez mil anos atrás? Ela ainda existe, às vezes até pareço uma metamorfose ambulante, mas não é culpa da maçã ou da mosca na sopa;
É que não andei no metrô 743, nem perdi o trem das sete, mas a beira do pantanal, não plantei capim guiné, nem olhei a lua cheia enquanto esperava a hora do trem passar e, pensando nas coisas do coração, cantei baixinho doce, doce amor, pois, apesar de tudo e todos meu coração noturno continua acreditando na magia do amor!
Vocês devem estar achando que isto é conversa pra boi dormir, ou que acordei de cabeça pra baixo, ainda por cima, movido a álcool, mas, não é nada disso meu amigo Pedro, posso chamá-los assim?
O negócio é que eu sou gente e eu também vou reclamar desta lei que diz que é proibido fumar, mas não pega ladrão, também não quero mais andar na contramão;
Posso fazer um convite? Dê-me a tua mão, vamos lá no fundo do quintal da escola falar sobre o conto do sábio chinês, tentar descobrir o segredo do universo, ou entender que luz é essa, quem sabe não descobrimos por quem os sinos dobram?
Eu sou egoísta e não quero ouro de tolo ou planos de papel, eu quero mais, quero ir à sessão das dez, mas, vou logo avisando: sou o que sou e detesto super-heróis! Com ou sem hífen.
Só pra variar, eu acho graça desse triste mundo onde todo mundo
explica, mas nem todo mundo está feliz. Êta vida!
E, antes que vocês comecem a acreditar que o maluco sou eu vou logo avisando que eu não quero dizer nada, quero apenas dizer que não sou a Alice Maria, sou Ângela, aquela que ouviu as profecias nos anos 80 e aos trancos e barrancos acreditou que aquela coisa do cancioneiro sem lar era apenas canção do vento ou um canto para minha morte que todo mundo deveria cantar enquanto rezava a Ave Maria da Rua, quando uma brincadeira dava cãimbra no pé;
Como é fim de mês, precisamente 21\08, bateu uma vontade danada de pegar minha viola, ou meu piano e fazer uma homenagem ao moleque maravilhoso que um dia nos deixou e foi morar nas estrelas, mas, como o rádio não toca o dia em que a terra parou, tá na hora de reconhecermos que o homem do século XXI domina os números, mas não vai construir uma sociedade alternativa;
Resta-me, neste dia de saudade, ajoelhada diante do Carpinteiro do Universo e, tentando conter o chorinho inconseqüente, pedir ao Meu Pai que olhe com carinho este carimbador maluco, que embalou meus sonhos de juventude e continua presente nesta loba que ainda se emociona quando ouve GITÃ.
Raul, você não é o MDC da minha vida, não me deu o mapa das minas do rei salomão, também não é Judas e deixou-me o rock das aranhas, espécie de senha para o abre-te sésamo!
Também sei que você não é santo, mas é, para mim, um dos grandes ícones da MPB.
Eternas saudades de Raul, o MALUCO BELEZA mais lúcido de nossa música*... [28\06\1945 -21\08\1989]
N.A: As palavras em negrito são nomes das canções de Raul.