Bob Nelson

Há alguns dias ele nos deixou e foi para o andar de cima. Ele era uma criatura que mesmo sendo famoso nunca deixou de ser humilde e amoroso com todos. Acompanhou Carmem Miranda quando esta se apresentou em Campinas, na década de 40 e princípios de 50. Era um mestre do violão.

Ele era filho de José Perez, um espanhol que foi ferroviário da Cia Mogiana, que tinha uma Pensão Dalva, aonde todos aqueles que vinham a Campinas, curar-se dos males da visão no Instituto Penido Burnier, se hospedavam, e ficavam como se fosse em suas próprias casas.

Seu nome era Nélson Perez, ou “Bob Nélson”, como ficou mais conhecido.

Bob Nélson era primo de minha saudosa esposa Lucy. Em nosso casamento ele não pôde estar presente, pois não se encontrava no Brasil. Entretanto ele nos mandou um telegrama, da Argentina, onde estava se apresentando, nos felicitando pelo evento.

Sempre conservou a humildade mesmo trabalhando, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, ao lado de grandes astros como César Ladeira, Celso Guimarães, Floriano Faissal, César de Alencar, Brandão Filho, Luiz Gonzaga, Ismênia dos Santos, Isis de Oliveira, Henrriqueta Brieba, Alvarenga e Ranchinho, e muitos outros.

Mesmo no meio de tanta gente famosa ele era sempre o mesmo Nélson que um dia saiu de Campinas para chegar à fama.

Fez vários filmes e cantou inúmeras músicas de caubói. A música “Ó Suzana” vendeu mais de 300 mil cópias. Um recorde na época. Todas as suas músicas fizeram sucesso.

Em um carnaval ele gravou “Vaca Salomé” que era mais ou menos assim:

Na minha fazenda tem um boi

Esse boi se chama Barnabé

Sabe moço, ele anda se babando

Pela minha linda vaca Salomé

O Barnabé anda muito satisfeito

Por ter feito uma boa escolha

Pois a vaca que ele anda se encantando

Dá leite engarrafado

Com tampinha e com rolha

E não é que a vaca Salomé

Dá leite engarrafado misturado com café?

Pela sua bondade e humildade, que só as grandes criaturas possuem, descanse em paz Bob Nélson Perez.