Santos Dumont - O centenário do 14 BIS

SANTOS DUMONT – O HOMEM QUE DEU ASAS AO MUNDO

Aviões de diversos tipos “cortam” os céus do planeta Terra. As categorias em que se enquadram são diversas: de carga, comercial, turismo e outros fins. Encurtam caminhos, reduzem saudades e muitas vezes levam a esperança a lugares longínquos. Obviamente que o homem de natureza beligerante, utiliza-os também para levar muitas vezes, notícias não alvissareiras.

Devido à correria generalizada do mundo contemporâneo, poucas vezes nos damos conta que o precursor da aviação, o grande pai, é um brasileiro, mineiro de Palmira, cidade que hoje como numa “simbiose” perfeita, transforma-se em seu filho mais ilustre: Santos Dumont.

O dia 20 de julho de 1873, com toda a certeza do mundo foi especial para Henrique Dumont e Francisca de Paula Santos, pois o seu sexto filho, Alberto Santos Dumont veio ao mundo. Para a humanidade, hoje sabemos que aquele dia também foi especial, pois ali na fazenda Cabangu nasceu o homem que mais tarde nos daria “asas”.

Obstinado em vencer as leis da Natureza e a condição limítrofe do homem em não voar, Santos Dumont mergulhava na ficção do escritor Júlio Verne e sentia um prazer incomensurável em reler inúmeras vezes obras como “Cinco semanas num balão” e “20.000 léguas submarinas.

No decorrer de sua infância e adolescência, o gosto pela mecânica, ressaltou sua genialidade, que não passou despercebida pelo seus pais.Com 12 anos de idade já comandava muitas vezes sozinho a locomotiva do pai em suas terras incrustadas nas montanhas azuis das Minas Gerais.

Alberto Santos Dumont, era como um pássaro, e sendo assim, as paredes da sala de aula não conseguiram “segurar” o gênio desbravador para concluir seu curso superior, pois sua cultura transpunha o conhecimento sistematizado. Tornou-se poliglota, sendo fluente em francês, inglês e espanhol, além do português. Estudou com afinco e dedicação, os segredos da física, da química, da eletricidade e da mecânica, utilizando-os mais tarde nos seus inventos.

Mesmo morando e estudando na França, Santos Dumont tinha orgulho de ser brasileiro. Retratou isso quando no dia 04 de julho de 1898, deu o nome de Brasil ao seu balão que levantou vôo no jardim da Aclimatação em Paris, deixando as pessoas estupefatas com o feito, pois a metragem cúbica do seu balão, que media 113 metros era bem inferior aos gigantes da época.

Hodiernamente o homem sonha em alcançar lugares inatingíveis pela tecnologia existente, similar ao que sonhava Santos Dumont. Mas a personalidade perseverante desse homem do bem o fez superar os limites do ar. Sua cabeça brilhante sugestionou ao amigo relojoeiro Cartier a criar o relógio de pulso e também lhe é atribuído a invenção do “portão de correr”, mas nada superou o seu magnífico 14 BIS. Em 23 de outubro de 1906, o primeiro vôo mecânico do mundo “desgrudou” do chão no campo de Bagatelle a uma altura de 2 a 3 metros, iniciando a saga da humanidade rumo aos Boeings, Caças ultra modernos e as naves espaciais que 63 anos após descobririam que a Lua ficaria logo ali! Mas, retornando a tarde daquele dia 23 em Paris, que entraria para a história, superficialmente podemos imaginar a tensão que envolvia Santos Dumont. A palavra medo não fazia parte do vocabulário desse magnífico brasileiro.

Quando a hélice do 14 BIS começou a girar, provavelmente as pessoas que ali estavam, se extasiaram, pois algo mais pesado que o ar iria decolar. O sonho da mente daquele garoto franzino se tornava realidade nas mãos do homem discreto e intelectual,que ali, provavelmente se sentia como um personagem de Júlio Verne, envolvido em aventuras fictícias. Mas, aquilo era real, era o homem superando os seus limites, havia chegado o momento em que os pássaros e toda criatura que voa, se raciocinasse logicamente, pararia para assistir ao grande invento da humanidade!

E o povo aplaudiu!!! O homem criado por Deus, ganhava “asas” doadas por Santos Dumont. Muitos provavelmente pensaram na possibilidade de estarem sonhando, devido ao que seus olhos assistiam, mas não era sonho, era a realidade nua e crua! Provavelmente a alegria explodiu no peito de Santos Dumont, naqueles momentos raros da vida em que tudo passa diante de nós, como um filme. E lá foi ele, voando para os seus sonhos, transpondo os limites da física!

Santos Dumont, simboliza a natureza evolucionista do ser humano. A natureza humana que não se conforma com as coisas prontas e acabadas, a nossa natureza peculiar que busca resposta para as dúvidas e que transpõe os limites que nos são impostos, dando significado a nossa existência efêmera!

Santos Dumont partiu para o plano superior, por sua vontade, porque além de Deus, somente o próprio homem sabe o que se passa no âmago da alma. Talvez novamente, quis romper novas fronteiras, rumo ao desconhecido!!!

No dia 23 de outubro de 2006 completam-se 100 anos do sonho de Dumont, um sonho que nasce a cada dia na cabeça dos homens de bem que perpetuam a idéia de Santos Dumont, de que o homem pode conseguir feitos memoráveis em beneficio de si e de seus semelhantes. Atualmente devido ao avanço geométrico de nossa tecnologia, breve sairemos do sistema solar, romperemos novas fronteiras e deixaremos para a geração vindoura um legado fantástico que começou lá no interior de Minas, na mente voadora de Alberto Santos Dumont, o pai da Aviação! 14, 15, 50.000 bis para ele!!!