Seu nome era branquinha...

No meio do lixo foi encontrada

Ainda com o cordão umbilical

Havia acabado de nascer

E no fogo foi atirada

Ouvi seus miados

como um grito de socorro

Quase imperceptíveis,

vindo de dentro de um saco

Resgatei aquele minúsculo ser

Indefesa, quase sem vida

Que maneira triste

De conhecer esse mundo

As mãos que fizeram aquela maldade

Desejava sua morte com certeza

E nem ao menos lhe deu a chance

De tentar sobreviver

Mas o destino guiou meus passos

E por ali passei..

Ouvi, e revirei aquela imundície

E do meio das cinzas a levei

Sua boca era tão minúscula

Que só com uma conta gotas

E um leitinho bem morninho

Conseguia alimentá-la

Foi um trabalho árduo

Reviver aquele ser

Depois de muita luta

Finalmente, conseguimos vencer

Ela cresceu, linda e forte

E grande companheira foi

Trazendo muita alegria

Para a casa que viveu

Por incrível que possa parecer

No dia do meu aniversário

Presenteou-me com dois filhotinhos

Foi a melhor recompensa que recebi

Viveu comigo dezesseis anos

Seus olhos falavam comigo

E só eu conseguia entender

Do seu jeito sabia agradecer

Até na hora da morte

Foi grata e leal

arrastando-se com seu câncer

Despediu-se e partiu...

Que saudade sinto

Da minha gatinha

Valente,

Sobrevivente.

E certamente está

Se existir,

No paraíso dos animais

Com o amor que levou...

Maria Eugenia.