Mais um dia primeiro de julho

Mais um dia primeiro de julho, só que o ano é de 2006, quando em passado recente (precisamente oito anos), perdi a pessoa que, talvez mais tenha amado, deixando-a partir sem ao menos saber o quanto era importante pra mim. Sempre que nos víamos era no meio de muita gente e não tínhamos tempo de nos expressarmos, convenientemente, ou, pelo menos eu, dizer tudo o que se passava dentro do meu coração, palpitante e pedindo que olhasse, penetrasse no âmago do meu ser e adivinhasse aquilo que eu estava sentindo...

O tempo passou. Você não mais aqui está. Eu continuo naquela solidão que me invadiu quando partiu, embora, encontrei muitas pessoas querendo preencher esse vazio, mas, infelizmente não sou dona dos meus sentimentos e emoções.

Hoje, intimamente agradeci por estar sozinha aqui em casa e poder refletir sobre tudo que se passou desde a sua partida. Minha vida deu uma guinada de trezentos e sessenta graus e fico imaginando o “sarro” que tiraria de mim por ter sido declarada insana e, em conseqüência, ter sido aposentada, compulsoriamente, pelo Tribunal Militar...Fico imaginando seu rosto zombeteiro me provocando, esperando uma reação minha, pronta pra brigar ou para emburrar, como você dizia.

Só sinto não poder ficar mais perto das pessoas que você amava tanto, como seus filhos, irmão e mãe. Porém, a vida nos seus revezes, afasta de nossa convivência até os vivos, os encarnados e, por comodismo ou mesmo medo de sermos rejeitados, acabamos por aceitar o afastamento e nos conformarmos com tais perdas.

Não temo mais a morte, aliás, nada mais me dá medo, a não ser ficar doente numa cama sem ninguém pra cuidar de mim, o que, nos dias de hoje não me espantaria se isso acontecesse...As pessoas estão mais interessadas com a pensão e os poucos bens que vou deixar do que com minha integridade física ou mental. É engraçado que, hoje mesmo, como muitas pessoas sabiam que eu não estava bem e talvez (disse Talvez) precisasse de algo, foi o sábado que nem o telefone tocou, nem o namorado apareceu (com certeza dará uma desculpa que, para ele será convincente) e eu deixarei que pense que acreditei, pois assim é a realidade dessa vida que aqui me encontro.

Já aprendi a contar somente comigo mesma e, quando me entristeço é aqui que venho digitar minhas emoções latentes e, assim desabafo comigo mesma e com o Plano Astral. Até porque, se ELE me levasse agora, ficaria feliz, pois sei que o reencontraria com aquele sorriso maroto, brincando comigo e eu dizendo “missão cumprida na Terra” e de mãos dadas, caminharíamos pela vastidão do Céu, na companhia de anjos e arcanjos a nos saudar porque nos unimos, novamente...

São Paulo, 1 de julho de 2006

Roseane Pinheiro de Castro

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Zane
Enviado por Zane em 26/07/2006
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