BALADA DA BAILARINA*

A bailarina Renata,

com seus pés de poesia

e corpo de serenata,

em que palco bailaria?

Em que nuvem brilharia,

na flor dos anos de prata,

com artesanal galhardia,

a bailarina Renata?

Ai, a vida fez-se ingrata:

ceifou Renata Maria,

com mil bemóis de cantata.

Será que a morte o faria?

E que drama (peça chata)

da Beira-Mar roubaria

o cisne, a musa Renata,

toda ritmo e sinfonia?

Oh, e que mão tiraria,

por mais que por insensata,

a luz do clarão do dia

e o colibri lá da mata?

Hoje, que bailas sonata,

certo, envolta em poesia,

Deus que te aplauda, Renata,

na celeste moradia.

(Março de 1994)

Fort., 10/02/2010.

- - - - - - - - - - -

(*) Renata Maria, uma linda bailarina

de pouco mais de 20 anos, morta na

Beira-Mar, em Fortaleza, em março

de 1994. O texto, à época, foi publi-

cado no jornal O POVO, no caderno

especial “Jornal do Leitor”, somente

em 04/set./1994, p. 2. O crime abalou

a sociedade fortalezense pela projeção

do assassino, de importante família

local, estudante de Direito, em Brasí-

lia, e por uma simples discussão de

trânsito, envolvendo o grupo de jo-

vens que acompanhava a moça Rena-

ta. Tantos anos decorridos, uma sau-

dade imensa, eterna, em um dos la -

dos, e do outro, a velha impunidade.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 10/02/2010
Código do texto: T2079453
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.