A Octávio Paz - 42 -

"Todos os dias atravessamos a mesma rua ou o mesmo jardim.Todas as tardes os nossos olhos batem no mesmo muro avermelhado,feito de tijolos e tempo urbano.

De repente,num dia qualquer, a rua dá para outro muro,o jardim acaba de nascer,o muro fatigado se cobre de signos.Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por eles serem assim: tanto e tão esmagadoramente reais.

Isso que estamos vendo pela primeira vez já havíamos visto antes.Em algum lugar,no qual nunca estivemos,já estavam o muro,a rua,o jardim.E à surpresa segue-se a nostalgia.Parece que nos recordamos e queríamos voltar lá,para esse lugar onde as coisas são sempre assim,banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer.Nós também somos de lá.Um sopro nos golpeia a fronte.Estamos encantados,suspensos no meio da tarde imóvel."

Octávio Paz

- Já me percebi assim,fazendo parte de uma memória coletiva.Apreciando e sentido saudades de lugares e pessoas jamais vistas até aquele instante fugaz,que num átimo se desfaz.Por que ,depois,sinto o coração aquecido e transbordante?

Maria Neusa em abril. de 2010

maria neusa
Enviado por maria neusa em 11/04/2010
Reeditado em 11/04/2010
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