1º. de MAIO _ Trabalho, motivo de orgulho?

A pesada carga tributária consome quatro meses do nosso suado Trabalho. As conseqüências e os efeitos dos esquemas das Corrupções e dos desvios do dinheiro público, soma-se mais quatro meses. Dois meses e meio e o que sobra do nosso suado trabalho para fazer frente as nossas necessidades de sobrevivência. Um mês refere-se as nossas férias, porque ninguém é de ferro. O meio mês restante, são os dias úteis que emendamos naqueles prolongados feriados onde, pegamos nosso carro e passamos horas e horas em estradas super-congestionadas, pagando os caríssimos pedágios.

A política de juros alto, os pesados encargos trabalhista e um CLT arcaica, inibem a criação de empregos.

E... Foi o tempo em que as indústrias de móveis, sapatos, tecelagem e outras, empregavam crianças/adolescentes dando-lhes o cargo de aprendizes. Os pais, orgulhosos comentavam em rodas de amigos que seus filhos estavam aprendendo o oficio em tal fábrica.

Havia perspectivas de crescimento nas indústria, tanto para o lucro como também para o emprego. Funcionários cresciam dentro dessas industrias ou então, já conhecedores de seu ofício, ganhavam condições de se estabelecerem em alguma atividade individual, tais como: sapateiro; marceneiro; alfaiate; costureira e etc. E dessas atividades, como também em outras tantas como: pedreiros; pintores de paredes; azulejistas; padeiros; mecânicos; etc. era normal os pais passarem o ofício aos filhos.

Trabalhavam 35 anos e o trabalhador quando atingia um pouco mais de 50 anos de idade, passava então ao merecido descanso, fazendo jus a uma aposentadoria que fazia frente às suas necessidades e até, sobrava pelo menos uns 20% para gozar da melhor maneira possível, o resto de seus dias da chamada expectativa de vida.

Hoje, tais profissões estão a caminho da extinção. Logo, também a profissão de bancário, cobradores de ônibus e tantas outras estarão nesse mesmo processo.

O trabalho deixou há tempos de ser um motivo de "orgulho" para apenas, quando se encontra uma colocação, ser um meio que mal dá para a sobrevivência.

Conseguimos a duras penas, com longas prestações, mobiliar nossas casas com produtos de baixa qualidade vendidos em grandes magazines, produtos esses fabricados com restos de madeiras, aglomerados e serragem, enquanto isso, nossas madeiras de lei são traficadas para Europa, gerando emprego na produção de vultuosos móveis. Alimentamos o contrabando e máfias ao consumirmos produtos via Paraguai e China. E assim sendo, também estamos gerando empregos nestes países.

Temos uma lei que impede o ingresso no mercado de trabalho da criança e/ou adolescente que não atingiu certa idade. Nossas crianças quando não estão aprendendo o oficio do tráfico de droga nas ruas, estão recebendo merenda, bolsa auxílio e outras migalhas intencionalmente esmoladas para manter um "inteligente" índice baixo de analfabetização. O principal, a educação que se devia receber, será testada mais a frente, quando se tentará uma vaga a um determinado emprego, e aí, será vítima do chamado protelação do problema.

Estão trocando funcionários por máquinas. Como arranjar um emprego no tão concorrido mercado de trabalho de hoje, sem ter no mínimo uma educação básica?

Todos os segmentos estão substituindo a mão de obra por tecnologia, onde, necessitam apenas de alguns funcionários qualificados na operação e manutenção dessas máquinas.

Além disso, estamos cooperando com essa troca e, ao mesmo tempo, estamos trabalhando passivamente para os condutores desse processo. Cooperamos e trabalhamos para eles quando usamos catracas eletrônicas em substituição a um emprego, assim como, quando usamos caixas eletrônicos espalhados nos bancos, efetuando transações de depósitos, transferências, pagamentos, emissão de talonários e etc.; quando usamos máquinas eletrônicas na compra de um refrigerante ou uma bebida qualquer; quando usamos os chamados caixas inteligentes nos supermercados, as catracas eletrônica dos transportes-coletivos e em muitas outras atividades, tudo isso em substituição a um emprego...

Vale lembrar que estamos inseridos em tal processo tecnológico graças às conseqüências da abertura do mercado e da quebra de todas as reservas que ainda teimam em resistir.

Esse processo se iniciou pelo Collor e em países de terceiro mundo como o nosso. Ao longo dos anos, esses países enfrentam inúmeras dificuldades para adaptação e adequação às tantas tecnologias que se modernizam a cada dia. As conseqüências dessas adaptações geram inúmeros conflitos entre o capital e o trabalho.

Em um país confuso, corrupto e mal governado como o nosso, tais conseqüências criam ações e distorções que visam cada vez mais os escusos interesses que formam, desde corporativistas oligopólios a associações monopolizadoras desses interesseiros "lucros".

Aqui, onde o processo educacional e cultural vem se deteriorando a cada dia, interfere também no caráter pessoal do Empregador e do Trabalhador.

A mão de obra deixou de ser um investimento, passando a ser, um alto custo produtivo. Deixou de ser um investimento graças às políticas de encargos, onde as empresas pagam encargos e impostos que chegam ao valor superior (103%) ao salário dos funcionários.

As empresas que investem em sua mão de obra, oferecendo cursos e ferramentas para estarem sempre melhorando e qualificando seus funcionários, tem que enfrentar depois, os seguidos leilões, ora empresas aproveitadoras que apenas assediam os funcionários de outras empresas que recebem um tratamento qualificado, ora pelo funcionário que desconsidera esse investimento do empregador em sua qualificação profissional e passa a leiloar um salário cada vez maior. Esses leilões são rotineiros, e quaisquer que sejam os contratos empregatícios firmados, as ações trabalhistas serão sempre favoráveis aos funcionários.

O caráter pessoal se forma na fase juvenil e o jovem é vitima constante desse pobre sistema educacional e cultural que é o nosso.

Matérias educacionais criadas na ditadura, como: OSPB e EMC, são ridicularizadas por educadores.

O ato de escrever, até pouco tempo, formava opiniões e incomodava governos. Hoje, a liberdade de expressão serve apenas para o enchimento de letras em jornais ou linhas em roteiros de piadas, exibidos em shows humorísticos. Por aí, pelo menos há a manutenção do emprego e em épocas, há até mesmo uma oferta maior de emprego para a criação de humor que esculacha com o pobre cidadão, aquele obrigado a tomar quatro ou até mais conduções para ir e vir da labuta, a conquista daquilo que irá colocar o que comer em sua mesa. A liberdade de expressão, nesses governos chamados democráticos, cada vez mais vem se envolvendo nas encenações estratègicamente elaboradas nos meios dos desvios de atenções.

As exigências "culturais" são cada vez mais medíocres, mais redundantes e com menor gama de informações em conseqüência de uma intencionalidade de tornar o nível crítico menos complexo para atingir cada vez mais pessoas. E isso acaba gerando o "gostar" de tolices em virtude de só se conhecer tolices. E por aí vamos nós, perdendo a cada dia o espírito revolucionário e nos iludindo nos 80% de popularidade de um dito cujo que, por longos anos vestiu uma máscara de trabalhador e um dia prometeu criar 10 milhões de empregos.

Até quando seremos acomodados de uma tal maneira, acreditando em promessas de políticos, difíceis de serem cumpridas quando nem sequer vêem acompanhadas de soluções criativas na busca de suporte monetário para que se realizem?

Será que precisamos de algum tipo de ruptura institucional?

Pois as nossas instituições estão todas corrompidas.

*Afinal, quem está contra todos esses desmandos o que tem feito? Via de regra, absolutamente NADA. Assiste-se a todo esse Caos resmungando-se, no máximo, com o vizinho. De prático, de ação, absolutamente NADA. Os filhos estão sendo levados por traficantes, esposas, maridos, pais e mães são barbaramente mortos nessa guerrilha urbana que se instalou nas grandes cidades e, vez ou outra, promovem-se passeatas pela PAZ.

Enquanto resmungamos no varejo, os nossos políticos nos assaltam no atacado. Quem tem credibilidade para gritar uma basta? OAB (que defende bandidos), CNBB (que também defende bandidos e defende também a miséria como virtude) ou a Imprensa (grande parte vendável)? Todas essas "instituições" promoveram o metalúrgico à categoria de Rei e não querem reconhecer que reis já foram decapitados no passado. Criou-se a fábula do golpismo, endossada pelas oposições. Alguém da "elite", como Collor, pôde ser apeado do poder, mas um pobre (hoje em dia bem rico), que chegou em pau-de-arara e subiu no Planato, ser destronado soaria como verdadeira heresia.*

Em se tratando de "instituições" não tão sérias, quem realmente crê nas pesquisas? Após o fiasco do referendo do desarmamento, já seria possível prever-se que a seriedade das pesquisas passam antes pelo departamento comercial de cada Instituto.*

Estamos nos enganando, mais uma vez, que se tornará outra e mais outras. Não é necessário sujar as mãos com o próprio sangue ou de outrem; mas não custa muito sujar a pontinha do dedo indicador acionando uma latinha de spray. Ninguém será visto com maus olhos, apenas e tão sómente, por expressar nos muros seu repúdio ao governo do oportunista continuismo de mais de 20 anos .