Minha Irmã
Iguais como o sutil espelho reflete
Fugazes como o sublime desejo
Com um elo que compromete
Até o fim dos fins de um último relevo
São animados seres celestes
De momentos únicos e simplórios
São movidos alegremente aos campestres
Campos verdes de vestes
Vivem á beira de risos
E empurrões na água fria
Num rio sem pisos
Na realidade que a elas cabia
E cabe, cabe á acordar.
Dum sono surreal
Que o futuro é odiar
Sendo que é amar a real
São seres que vivem á prazeres diários
Almas gêmeas
Contraditoriamente hilários
Tais prazeres dos genes
Placentas pra cada uma
Mordomia á uma de cada vez
Socialismo forçado, duna.
Capitalismo depois, deserto se fez.
Areias pra todos os lados cobriam
E aqueciam tais Seres
Não existe separação: elas morreriam!
A areia as unem
A areia de que falo
É o cordão umbilical que ainda existe nelas
A energia carnal e mental
O toque de uma na outra
Causa o notório sentimento
A segurança explicita e pronta
Á causar um submisso momento
É magnífico ter alguém
Igual por fora e diferente por dentro
É fruta de desejo do além
É enganadora, um centro.
Um centro apenas
Pra dois seres
Um comando
De dois olhares
A palavra completo.
Existe pra elas
É algo discreto
Sentido apenas dentro delas
Tão sórdido tal caso
Tão fugaz como uma chuva passageira
Elas juntas chamam atenção
E distantes causam indignação
É tão belo ter que brigar com você
É tão catastrófico dizer que te amo
Na fúria da noite, vós micê.
Parece precisar de meus braços “banho”
Banho de aconchego e amor
Que nunca alguém poderá te dar
Porque só a mim cabe isto
Presenciar todos os dias contigo
...
E poder dizer sobre meus lábios
Os atos e fatos que me faz amar-te
Sejam bons, sejam piores.
Nosso universo está dentro de nós
Dentro de nós existe um universo: sim
São vips os que entram pra conhecer
Dentro de nós está a força
Que cabe a cada uma
O poder de compartilhar
Na fraqueza da outra
Na simpleza da precisão
Na beleza dos supérfluos
Digo agora que os dizeres estão por fim
E que as palavras estão a adormecer
Mas o sentimento continuará
A viver por nós.
O amor que às vezes se esconde
Está a nos vigiar
Pois somos seres decentes
A busca de sementes
A busca da terra que prometeram
O nosso pão
O nosso ouro
Os nossos olhos tão iguais
Bocas ardentes
Orelhas mimosas
Corpos dourados
Corações alados
Mãos juntas
Mentes contraditórias
Sonhos parecidos
Sonos compartilhados
Momentos e dias também
Vida vivida por você
Minha vida está espelhada em você
Sem você os dias seriam noites
As noites estariam padecendo
As estrelas estariam cobertas
Pelo cobertor triste da saudade
...
Mas está aqui na Crosta e é isso o que importa
Nada mais realmente importa
Se comigo reparte
Isso que chamo de vida
-vida minha-
-irmã-
-imagem pros meus olhos-
-som pros meus ouvidos-
Tu és quem me dá crédito
Nesse cartão vida
...
És quem me mostrou o portão da vida,
És quem me ensinou como é a vida lá fora
És quem me julgou nos defeitos
És quem me ajudou nas fraquezas
És quem me idealizou nas vaidades
És quem me fortificou nas saudades
És quem me contemplou na inferioridade
És quem me disse que já não era mais criança
És quem me olha
E eu já sei o significado -cada palavra-
És meu sangue, meu ar, meu espelho.
-minha irmã-
Thays