O Que Acontece No Coração De Um Homem

Depois que eu te conheci, não vou mentir, pensei em muitas coisas. Pensei no que poderia te dizer. No que poderíamos um dia fazer juntos. No que seria do nosso amanhã. Mas o mais importante: como começar tudo isso? É difícil responder a essa pergunta. Primeiro, eu poderia ser romântico! Falar sobre como são lindos os seus olhos acompanhados daquele belo sorriso que só você pode dar, e que me deixa sempre muito nervoso. Ou te contar da saudade que me dá toda noite quando vejo o céu estrelado, e não vejo você. O céu é lindo, mas não chega nem na metade de sua beleza. Quem sabe eu poderia comentar a respeito do seu jeito engraçado, simpático e ao mesmo tempo tão cativante. É melhor do que cem livros do Luís Fernando Veríssimo (e olha que eu me amarro no Veríssimo!)

Porém, pensando nessas coisas, eu lembrei que você não é muito romântica, então esquece. Melhor não falarmos disso.

Depois, eu pensei em ser mais formal, dar uma de amigão, deixando bem claro que eu não tinha más intenções com você (até parece). Quem sabe conversar um pouco para conhecer seu passado, sua vida, seus gostos, seus desejos, saber quem você é realmente. Eu li em algum lugar que nunca conhecemos ninguém por inteiro. Mas eu não me importaria de te conhecer aos pedaços. De pouquinho em pouquinho, eu sei que acabaria montando esse quebra-cabeça. Contudo, também não daria muito certo agir assim. Você acabaria notando o quanto eu gosto de você, então já seria tarde demais pra revelar meus sentimentos, iria ser aquela choradeira, muito lenço de papel e pouca produtividade, como aquelas novelas mexicanas. Eu odeio novelas! Então, corta essa parte também!

Mais tarde, comecei a imaginar: e se eu te mandasse só mensagens? Seria um bom modo de iniciar um relacionamento, daqueles que você tem pelo Orkut, MSN, blog, email, facebook e outros kakarekos eletrônicos mais... Seríamos um casal estilo moderno. Já pensou? Um anúncio daqueles de jornal dizendo “Romeu computadorizado procura loira patricinha, olhos claros, corpo desenhado, lábios ardentes para relacionamento cibernético quente. Tem que ser divorciada, ter um filho inteligente e ser lutadora, que busque atingir seus sonhos por completo sem medo de ser feliz.”

Não sei não, isso também seria um pouco estranho. Eu teria vontade de te ver, e não poderia, já que telefone e msn não matam a saudade direito (não daquele jeitinho especial que só a gente pode fazer né). Nossa, eu já não sabia o que pensar, o que fazer, o que dizer, quem dirá o que escrever para você!

Foi aí que surgiu uma ideia genial (ideia não tem mais acento, viu?)

Quem sabe se eu fosse em parte romântico, em parte amigo, em parte moderno, ou melhor, ser por completo eu mesmo! Sim, eu mesmo porque tenho qualidades (muitas, é claro) e tenho defeitos (você ainda vai descobrir). Tenho dias bons e dias ruins. Tenho gostos normais e estranhos. Acho que tenho tudo, menos dinheiro e namorada.

Quem sabe se eu for eu mesmo, se você me conhecer como eu gostaria que conhecesse, se eu te respeitasse como respeito, se eu cuidasse de você, conversasse com você, (não vou nem dizer “gostasse de você” porque já gosto), quem sabe não daria certo...

Eu ainda não sei, pois não conheço a Adria como quero conhecê-la. Só sei que até agora, não me arrependi nem um pouco daquela aula de português, nem das mensagens, nem do porre (que vergonha), nem de nada. Só me arrependo de não poder expressar o que sinto direito em textos, nem em frases, nem em todas as cartas que talvez te mande! Só sei que o que aconteceu comigo é como algo que nasce no coração de um homem, passa por sua cabeça, percorre todo seu corpo e acaba morrendo em sua alma, nos sonhos mais profundos que se tem. Algo que nem mil palavras são capazes de explicar com perfeição: é primavera e chegou o amor.