IRATI 103 ANOS

IRATI!...COMO TE VEJO

Quisera saber falar de ti com a eloquência de teus historiadores,que conhecem-te as datas,os personagens,os fatos e dados estatísticos.

Quem me dera!...

Isso:Foi,é,e continuará para sempre da competência de "Orreda",o nosso eterno mestre,ou de quem mais ousar a êle igualar-se.

Então,recolho-me em minha insignificância,apesar da sensatez do reconhecimento quanto ao meu despreparo.Porém,insensato seria eu se deixasse de externar êste meu sentimento patrio,ufanista,que aflora-se à cada novo dia em que vejo-te mais bela.

Como não falar dêste teu charme eslavo que sulca-lhe os caminhos,que sonda-te por entre lambrequins e sorve o mel de teu vale com olhares hortenciados?

Ah!...Safirados olhos,que cruzaram mares e trouxeram trigo a florir dourado em suas melenas e que de mãos dadas à nossa gente com sua tez morena,ataram os laços de mãos calejadas.Pás e picaretas,cabos de enxadas.Almas em comunhão! Escreveram juntos em bicos de arados a história pujante dêste meu torrão.

Como calar-me frente à beleza ímpar de teus morros,do bucolismo de teus arredores,do poema lírico de tuas torres?

Ah!...Torres que apontam a céus em cor de caqui,que abriram um dia os segredos de sinos,a acordar do sono êstes teus meninos que sempre sonharam êste "Ir a ti".

Como ignorar recados de outonos prêsos ao fascínio de tuas imagens?...No dourado feno em tuas lavouras ou na cor de bronze de tuas ramagens?

Ah!...Êstes teus outonos...Com estas tuas tardes em cor de abandono.De passos incertos pelas tuas ruas e vagos olhares em tuas esquinas?

São êstes olhares que a ti percebem mudada nas formas dêste teu espaço.O toque do novo a possuir-te em meio ao progresso do cimento e aço.Êstes mesmos olhos divisam ainda os trens.A fatiar-lhe o ventre nêstes "vai e vem".Apitos que rasgam tuas madrugadas ferindo silêncios prêsos na memória e a quem se perdoa à cada vez que lembra-se ter sido êste o marco de uma linda história.

E da colina doce prêsa à paisagem de um verde que mais parece uma miragem

A virgem imaculada com seu manto azul ,de mãos estendidas e olhar de mãe,acompanha os filhos dêste chão do Sul.

joelgomesteixeira@hotmail.com