Versos a Iguape

Não é necessário vocabulários, tantos,

Para mostrar minuciosos pontos,

Que uma simples vista, traduz!...

Mas é certo que salvas e até prantos,

Refletem quais rajadas, os encantos,

Até de uma árvore, o nosso capuz!...

Um pássaro voa... Transpassa o céu.

É demais lindo o seu amerissar!

Ficar poderia no somente ver...

Mas algo merece. Não ficará ao leu,

Meu entusiasmo, o meu repousar,

Muito menos o vôo de um bravo viver!...

Bem assim, que se espalha a Poesia!

Qual um Sol! Dominante e decidida!

Quando alguma as nuvens recobrem,

Outras a clareiam mais vistosas!...

Não é só da comida, da água e da Alegria,

Far-se-á da Vida, uma grande jazida!...

Há momentos que os tormentos consomem,

Que se apagam como maneiras dengosas...

Volto à calma e avisto distante,

Uma queimada. É Vida pra nascer.

Morre um pouco, nasce outro tanto.

Dão lugar a novo grupo, que galante,

Aspirará ao nosso ar, o nosso prazer,

Encobrir-se-á desta Terra, nosso manto!...

O Mar bramia, parecendo triste,

No borbulhar das águas, pelo bote,

Que seguia calma a outra encosta!

Mas meu prisma, teima, insiste.

Digo-lhe não é triste, pois é dote.

É como o choro: cai porque gosta!

Cada surgido momento é o que é.

Nem por isso: No aparecer abatido,

Retrata fiel, o seu interior absoluto!

Uma corda tina. Surdo deixa-lhe, até,

Mas coordenado com o seu partido,

Produzem um brando acorde mútuo!

Nuvens formam ou se deformam...

Ventos varrem, trazem um frescor...

Levam murmúrios pra bem distante!

Ficam-nos saudades que consolam,

Vagos anseios patrocinadores do Amor!...

Também eram, ventos, nuvens e instante...

Sabido que o caminhar da serpente,

É como a multidão andando alem,

Deixando no risco o seu mundo!...

Brilhante comparação complacente,

Que nos faz venenosos, também.

Primeiro é o mal, bom é o segundo!

A paisagem do alto do morro,

Que aos poucos se torna Horizonte,

E nos leva à imagem de Cristo!...

Tão abaixo, a serpente em coro,

Vem pedir com a Fé, sua fonte,

E agradecer o seu dote, olho-misto!...

Músicas tocam suaves, quais perfumes,

Fragrâncias que acordam Saudades,

No enterro momentâneo do agora!

Mas Vida é como peixe em cardume,

Um a par do outro exploram cidades,

Que ausentam plágios de má hora.

O Dia acaba-se como a Noite que se foi,

Devolve-lhe o comando e descansa.

Leito-entardecer, bordado da Paz.

Só resta em semblantes, o suor,

Conquistas que converteu em Esperança,

Montado a galope no mal que se desfaz.

Não é necessário vocabulários, tantos,

Que uma simples vista, traduz!

Transformando nosso lindo interior,

Livrando-se da Dor, querendo escalpe!

Mas é certo que salvas e até prantos,

Refletem em rajadas, todos os encantos,

Desta pequena dádiva, o nosso capuz.

Deus permita que eu jamais esqueça,

E decante o que há de lindo, em Iguape!

José Corrêa Martins Filho
Enviado por José Corrêa Martins Filho em 04/09/2010
Reeditado em 29/08/2015
Código do texto: T2478094
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