Homenagem ao meu amado aluno Paulo Alfredo

O jovem se foi...ficou a imagem de um homem calmo, sereno, brincalhão, carismático e cheio de vida. E, acima de tudo, justo! Justiça pela qual lutou até o fim, mesmo que findando em um instante de lazer. A vida lhe foi pródiga. Deu-lhe uma inteligência brilhante, um olhar aguçado, curioso, uma personalidade comunicativa, por isso estava no Timor Leste. Para cumprir uma missão que só aos nobres cabe honrar.

Homenagens lhe foram feitas em sua cidade natal, no Brasil e no exterior. Seus pais derramam lágrimas e Deus as enxuga com seu lenço sagrado, pois, só Ele sabe que a dor é insuportável, mas cada um de nós tem sua cota de sofrimento.

Lembro-me de Paulo Alfredo muito bem. Um rapaz alegre, de bem com a vida, de muito boa convivência com os colegas que o seguiam, pois, apresentava desde sempre sua liderança sobre os demais. Gostava de escrever. Era um poeta, um sonhador. Inventava histórias e, quando se sentia realizado ao terminar algo que lhe agradava, gostava de mostrar-me, saía de sua carteira, meio afobado e queria depressa minha opinião. Sempre o incentivei a escrever, porque ali estava um escritor em potencial, embora seu português não fosse dos melhores naquela época. (rs, novinho, tinha muito a aprender...) Devorava livros. De suspense, pois, seus escritos sempre versavam sobre isso. Eu não tenho de me sentir orgulhosa de tê-lo tido como aluno?

Lembro-me dele sentado em sua carteira, de maneira despretensiosa, com o olhar distraído e vago, muitas vezes. Educado, meigo, atencioso, incapaz de uma indelicadeza. Por que Deus permite que os jovens morram, parafraseando Drummond. Têm uma vida pela frente, uma vida a ser vivida e tudo é cortado repentinamente. Tento uma explicação plausível e chego à conclusão de que o tempo de vida na terra para cada um de nós é igual. Tanto faz três meses, três anos, trinta anos...o tempo é como o amor, um elástico. Aumenta, diminui, torce, retorce e fica quase sempre igual, a não ser quando se machuca.

Deus não quer sofrimento de ninguém, Ele escolhe as pessoas que quer perto dEle. E Paulo Alfredo (assim eu o chamava) foi capacitado muito cedo!

Recordo-me de que uma determinada época, em que ele morava em Belo Horizonte, encontrei-me com sua mãe, coruja, com razão. Seus filhos são pérolas. Euza me dissera que PA escrevera uma peça de teatro que fazia o maior sucesso em BH e, inclusive, fora aplaudido de pé no final do espetáculo. Fiquei tão orgulhosa, como se filho meu fosse. Gosto de saber notícia de meus ex-alunos e são poucos os que voltam para nos contar, assim como os cegos que voltaram para agradecer a Jesus. Sempre tive notícia de seus filhos, e não tê-la é comum, estou acostumada, como tudo que acontece na vida, menos com a morte com a qual não lido bem.

Sempre me encontrava com Flávio Henrique, Marcela que, também, foram meus alunos, brilhantes, também. Estive muitas vezes com seus pais e sempre me deram notícias dele, (PA) muito boas. Mas a última me pegou de surpresa e de coração sangrando, daí porque não tive coragem de lhes dar força quando esteve em Lavras por ocasião de sua última passagem de despedida. Também eu precisava de ânimo por motivos, absolutamente, particulares.

Lembro-me, perfeitamente, de sua fisionomia que parecia de um ser triste, mas era sua meiguice que se confundia com tristeza.

Ah, Paulo Alfredo, sua partida nos encheu de angústia; sua trajetória na terra foi como a de um cometa, bem rápida; sua vida foi pura energia; buscou o bem em locais os mais longínquos; encontrou a felicidade pessoal em uma garota canadense; deu brilho e orgulho aos seus pais (Silas e Euza) e familiares em sua curta caminhada por essa vida, mas saiba que eles aprenderam muito mais com você que eles possam imaginar. Um dia eles entenderão o mistério que envolveu sua morte prematura e vocês se encontrarão e eles lhe darão um 'respe' por passar essa rasteira em todos que o amávamos.

Quando todos nós choramos sua partida, você chegou ao lugar dos puros de coração; aos limpos de maldade; aos benevolentes de espírito; aos caridosos por missão; aos nobres de caráter; solidários na dor e compreensivos na angústia.

Fique em Paz! Repouse no Espírito Santo e, assim, saberemos, com certeza, de que está nos braços do Pai.

Dedicado à família de Silas e Euza. Nesse texto deixei meus sentimentos fluírem, poderia escrever muito mais, a emoção me travou, um dia quem sabe nos sentaremos para rir de suas graças.

Publicado em meu blog:

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Tida Pozzato
Enviado por Tida Pozzato em 26/10/2010
Código do texto: T2579586
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