À ROSA SERENA - Para o texto: "HERÓIS DO RIO"

MINHA DEDICAÇÃO DE FIM DE ANO PARA ROSA SERENA

Rosa! A profundidade de seu poema ultrapassou a base do mar do meu coração! Palavras eruditas e temperadas com inteligentes colocações me fizeram lembrar das guerras que a gente assiste em filmes, mas que certamente vai acontecer algum dia. Olha, fiz apenas uma visita rápida, mais para lhe agradecer ao seu metódico comentário em minha página, vou lhe narrar um trecho escrito em um de meus livros que contém 160 páginas de emoções. Seu título é "OS MENINOS DOS MISTÉRIOS" foram todos heróis. Dei o título à narração a seguir de: "FAGULHAS DO MEDO E CHAMAS DA ÍRA"

(*Fato ocorrido com um dos meus colegas, chamado Dômilli. Narrado na primeira pessoa)

"Numa ocasião, já tendo eu dezoito anos, foi convidado a participar de um rodeio. Haveria um premio para quem conseguisse ficar na sela de uma mula que pulava mais que pipoca em panela quente. Alguns moços que gostavam de se sobressair, dizendo-se corajosos se inscreveram, mas eu, mesmo sendo tachado de medroso não quis participar do evento. O resultado daquela parada foi o falecimento de um jovem, amigo meu, de idade igual a minha, que quebrou o pescoço ao ser lançado da sela e sofreu um colapso cardíaco, morrendo na hora. A mula era mesmo uma fera para saltar.

Muito me entristeci com o falecimento do meu amigo. Se as fagulhas de medo me tomaram a mente quando eu fora convidado a participar do rodeio, o mesmo não aconteceu nos dois primeiros dias após o passamento de rapaz.

Uma angustia me tomou a alma, a ponto de propor a mim mesmo de amansar aquele animal, mas falo-ia ocultamente, na calada da noite, em meio ao pasto em que ficava.

Foi assim, que quatro dias após o sepultamente do moço, me dirigi à noite, sob uma lua clara, para o pasto onde ficava a famosa mula e sem que ninguém me visse, tendo nas mãos um laço

e um reio, assim que a lacei passei a surrá-la até deixá-la super irada. A tal ponto ficou a mula, que quis atacar-me querendo pisotear-me, mas quando ela empinou para fazê-lo, com rapidez eu a fiz perder o equilíbrio, puxando a corda violentamente derrubando-a no chão. Ato imediato a montei, e como eu calçava um par de esporas agudas, calquei firme em sua anca, fazendo com que ela se levantasse, mas em razão da dor, perdeu o jeito de pular. Contudo, mesmo assim dava pinotes e bufava, pondo-se a correr pelo pasto, desembestando até uma cerca onde foi barrada com violência pelos arames farpados. Eu saltei fora quando o animal caia. Ela estava sangrando, mas eu continuei com minha ira em chamas, dando-lhe reiadas, e dizendo palavras de impropério. Ou ela deixava de ser mula de espetáculo ou ainda iria apanhar muito. Creio que ela entendeu que estava diante de algum louco, e o melhor seria aquiescer. O fato é que após aquela sova sangrenta, ela perdeu seu dom de pular. O dono, entretanto não soube daquele ocorrido; tinha nela uma espécie de orgulho, já matara anteriormente um outro peão. Mas só completou dois, pois eu tirei sua raça".

(*relatos de Domilli (um dos meninos dos mistérios) no ano de 1968.

DO LIVRO DE AUTORIA DE LUZIRMIL "OS MENINOS DOS MISTÉRIOS"

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ROSA, FELIZ 2011 A VOCÊ E A TODOS OS SEUS ENTES QUERIDOS