Para Pâmella

Já fazem 4 anos, desde que ela se foi. Estudamos apenas 1 ano juntas, na quinta série, e hoje, eu, no último ano do ensino médio, posso dizer que ela foi e é a melhor a mais incrível amiga que eu tive.

Foi um trágico acidente: uma noite antes, ela havia me ligado pra contar que iria no dia seguinte ao colégio, para buscar o resultado final. Ela estava confiante, e eu fiquei feliz por ela. Conversamos e nos despedimos...ah, se eu soubesse que era pela última vez. No dia seguinte, uma colega de classe ( que por sinal nunca havia me ligado), me telefonou, para contar algo que não pensava ouvir: depois de um longo silêncio me disse que Pâmella havia sido atropelada numa avenida, porque ao invés de atravessar a passarela, atravessou a movimentada pista. Chegou viva ao hospital, mas depois de 3 paradas cardíacas, faleceu... Naquele momento, depois de desligar o telefone, eu só queria que alguém chegasse em casa pra ligar pra ela e confirmar que era tudo um mal-entendido, já que eu mal podia sair do lugar. Mas era, era verdade...

Não vou falar aqui sobre o enterro ou lágrimas, só relembrar o que uma amiga, que falou com ela pouco antes do acidente, me contou; lá mesmo no enterro: Pâmella estava muito feliz porque passou de ano, e a disse muito entusiasmada que a primeira coisa que ela faria quando chegasse em casa, era ligar pra mim, para me contar a novidade.

Ela não pode me contar...se tivesse tido o cuidado de atravessar aquele viaduto...mas...talvez tenha sido mesmo a vontade de Deus.

A Pâmella era só uma criança naquela época, mas até hoje é um exemplo pra mim. No colégio, todos implicavam com ela, e ela? Ela nunca ligou, até ria da situação...eu sempre quis ser forte assim. Tinha problemas com a mãe, trabalhava muito em casa, apanhava feio a ponto de chegar machucada no dia seguinte...morava há mais ou menos 3 horas do colégio, em outro município. Mas nunca, ela nunca deixou de sorrir e dar risadas. E só eu sei como aquelas risadas são tão nítidas na minha memória até hoje. As vezes tenho vontade de chorar, mas sei que ela não quer me ver assim.

Estou quase saindo do colégio onde eu a conheci, e se tiver a oportunidade, na minha formatura, na última vez de Colégio Pedro II, lá estarei eu, falando para todos os que lá estudam: aos que riram, aos que debocharam, aos que abraçaram, aos que amaram, aos que odiaram, o quanto Pâmella Cristina, foi e é muito importante pra mim. O quanto eu sinto falta das nossas risadas, e até das nossas brigas. O quanto ela foi forte e determinada, e que nem os que tentaram, conseguiram derrubá-la. Todos saberão, o quanto aquela menina que se foi apenas com 13 anos de idade, é fantástica...a minha ETERNA melhor amiga.