AO DIA DA POESIA E AO ANIVERSÁRIO DO POETA

Hoje, 14 de março de 2011.

Há exatos 164 anos nascia o menino que mais tarde se tornaria “o poeta dos escravos”!

“A praça! A praça é do povo/Como o céu é do condor!” A poesia de Castro Alves é um testamento vivo da força contida nas palavras!... Era munido desta “arma” que aquele jovem poeta partia ao campo de batalha... Era uma verdadeira guerra entre os pro e os contra o sistema escravocrata no país.

Ah, poeta apaixonado pela liberdade!... De coração humanamente humano... “O coração é o colibri dourado/ Das veigas puras do jardim do céu.” Quando estendia os versos nos ares os pássaros em arribação aos mares levavam seu grito de liberdade!... “Cai, orvalho do sangue do escravo/ Cai, orvalho na face do algoz/ Cresce, cresce, seara vermelha,/ Cresce, cresce, vingança feroz.”

E nesse clima de guerra ensaiada encontrava o poeta repouso amoroso no seio de sua Musa. Em seus lábios bebia os beijos mais ternos e embriagavam-se deles... “No seio da mulher há tanto aroma.../ Nos seus beijos de fogo há tanta vida...”

“É noite! Treme a lâmpada medrosa/ Velando a longa noite do poeta.../ Além, sob as cortinas transparentes/ Ela dorme... formosa Julieta!”

Suas noites eram dedicadas na maior delas as longas reuniões abolicionistas... Não que queria deixar sua Musa na espera ansiosa, mas que o ideal de liberdade tinha pressa... “Eram onze negros, Eugênia. Para nós foram algumas horas roubadas ao nosso amor.””... Ouve, vou te dizer um segredo: conheço certa mágica...””És feiticeiro?” Se fecharmos as janelas, prolongaremos a noite. E não te disse que a noite foi feita para o amor...” (Jorge Amado, O Amor do Soldado) Assim é que o amor era conjugado!... “... E amamos juntos... E depois na sala”

Ao pesar do abandono de sua Musa, por ciúmes ridículos do seu ideal, o poeta marcha em direção ao seu sonho de liberdade dos escravos... “Nini formosa! Por que assim fugiste?/ Embalde o tempo a tua espera conto./ Não vês, não vês?... Meu coração é triste/ Como um calouro quando leva ponto.”

No desprezo da Musa resta ao poeta senão cantar seus versos mais melancólicos enquanto embrenhado intensamente ao seu grande ideal... “Hoje o poeta – caminheiro errante,/ Que tem saudade de um país melhor/ Pede uma pérola – à maré montante,/ Do seio às vagas – pede – um outro amor.”

Veio outros amores, outras Musas afagar seu peito, despertar o gênio da poesia de amor... A uma delas escreveu o poeta: “Não sabes, criança? Estou louco de amores.../ Prendi meus afetos, formosa Pepita./ Mas onde? No tempo, no espaço, nas névoas?!/ Não rias, prendi-me/ Num laço de fita.”

O tempo ingrato? Não... “Os astros saltam como espumas de ouro!...” Foi assim o “poeta dos escravos”: um pequeno astro que saltou aos céus do Brasil e deixou seu eco as posteridades!... Veio de outra estrela, assim como O Peque Príncipe de Saint Exupéry... Aos vinte e quatro anos, no dia 6 de julho de 1871, morre o poeta “olhando para o infinito azul...”

“... Meus amigos! Notai... Bem como um pássaro

O coração do morto volta ao ninho!...”

Barra do Choça, BA

Agnaldo Tavares o Poeta
Enviado por Agnaldo Tavares o Poeta em 14/03/2011
Reeditado em 30/06/2012
Código do texto: T2847961
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