UM CORAÇÃO QUE ANDAVA

Eu conheci um Coração Grande que andava. Estranho não?

Grande, enorme. Até desproporcional comparando com o que a gente vê e ouve falar. Era diferente de tudo. Ele tinha duas perninhas pequeninas que custavam a carregá-lo. Coração com pernas?... Verdade! E ele tinha também dois bracinhos pequeninos, mas o bastante para nos abraçar. E que abraços! Tinha uma cabeça pequenininha... Mas pensava muito, muito! Pensava grande, muito grande. Pensava o bem, só o bem. E ainda fazia melhor.

Muitos de nós, privilegiados, vimos esse coração andando pelas ruas de Divinópolis. Outros ainda mais privilegiados, como eu, ouvimos o seu pulsar vigoroso. Presenciamos seus pensamentos criativos, evoluídos, bondosos sempre, empreendedores, mas desprendidos, atualizados quando não futuristas. E muito mais.

Esse coração andante, pensante, pouco falante, cheio de bondade e caridade tem um nome: ANTÔNIO OLÍMPIO DE CARVALHO. Ou o Totonho Carvalho. Ou ainda o Totonho do Café.

Ele parou de pulsar no nosso meio e foi pulsar nas alturas, certamente muito próximo do Criador.

Quase completou noventa e um anos de vida, lucidez e bons serviços prestados. Trabalhou muito. Produziu muito. Foi um grande empreendedor. Foi um empresário de sucessos. Feitos descomunais em tudo por onde colocou os seus esforços. E foram muitos os seus esforços em muitas as obras. Exerceu vários cargos e em várias entidades do município. Militou com prestígio e foi muito respeitado no meio político. Foi vereador por três mandatos, Secretário e presidente da Câmara dos Vereadores de Divinópolis. Tudo isso com dignidade e honestidade exemplares. Aliás, tudo que ele fez serve de exemplo para todos os humanos.

Todo mundo pode dizer em qualquer lugar do mundo que o Totonho foi um homem íntegro. Inclusive no meio político onde impera comportamentos e práticas condenáveis. Ele era limpo.

Não vou me alongar explicitando as suas qualidades e os seus feitos, pois, a sua biografia é imensa e rica. Também não vou me imiscuir no âmbito familiar tão particular e onde era tão querido. Vou sim salientar a sua falta. O espaço que ele ocupava é impossível de ser novamente preenchido.

Deixa uma saudade enorme em nossas vidas. “Saudade é o amor que fica.”

Aos familiares os nossos sentimentos e desejos de que os feitos do Totonho sirvam de lenitivo e o seu legado de energia para continuarem como os legítimos representantes de um cidadão honrado e laborioso. Entre tantos que conheço e conheci, ele permanecerá, certamente na primeira fileira.

Os meus abraços e um ósculo de carinho nesse Coração Grande onde ele estiver.

Divinópolis. 16-04-2011

Jferreira