Homenagem à grande mãe, o furacão, Elis Regina(in memorian)

Nasci em 02.03.1964, exatamente o ano da ditadura militar , e no dia 30 de março do mesmo ano, uma grande revolução.

Período este do Modernismo brasileiro(Tropicália), marcado por grandes escritores( Fernando Brandt, Caetano Veloso, Giberto Gil, Milton Nascimento, Geraldo Vandré e outros nobres) que tiveram que ser extraditados do país por estarem escrevendo textos que até hoje permanecem vivos na memória de todos, pois estamos vivendo em um período democrático; graças a pessoas como estas que lutavam contra o poderio da época.

E pude ver, depois de alguns anos, uma imagem que me chocou: Geraldo Vandré- após a apresentação de um grande show, premiado em 1°.lugar com a música "Caminhando e Cantando"; preso em pleno palco, com uma enorme platéia que se sentia indignada com tamanha situação.

Nesse período, haviam cantoras como: Maria Bethânia, Gal Costa (dentre outras) e 'Elis Regina'( in memorian)- cantores da Bossa Nova que teve que ir para a Europa com sua filha Maria Rita(lugar de mulher não era em palcos fazendo shows, mas sim em casa cuidando de sua filha.

Partiu para a Europa e voltou para o Brasil, deixando sua filha lá.

Voltou ao Brasil, depois de alguns anos, aos palcos brasileiros; mas sensível como era, em nenhum momento demonstrava a angústia que se passava durante anos de exclusão de sua própria Pátria, mãe gentil .

Chorava, sem lágrimas mas sempre mostrando seu sorriso que arrebentava platéias e aos 36 anos, misturou álcool com anfetaminas e suicidou-se pois não aguentava mais ver tantas pressões e injustiças que ocorriam em seu próprio solo nativo.

Ficamos apenas com uma voz , que balançou multidões a pequena 'pimentinha' porém o grande 'furacão', Elis Regina e gravações de uma alegria e felicidade fingidas.

Fã, vivo a interpretar e cantar duas músicas que são minhas preferidas : "Maria, Maria" e " O bêbado equilibrista".

Todos trazemos uma marca na mão esquerda que é um M, mas na música cantada, ou até gritada; Elis Regina cantava e encantava milhares de pessoas: "... é um dom, uma certa magia, uma força que nos alerta uma mulher que merece viver e amar como outra qualquer do planeta...é a cor,é o suor, é uma dose mais forte e lenta de uma gente que ri quando deve chorar e não vive, apenas aguenta. Quem traz no 'peito' esta marca possui a estranha mania de ter fé na vida...".

Espero que não apenas as 'Marias', mas que todos os povos tenham essa marca, independente de 'Josés ou Marias'; mas que tenhamos sempre fé em um futuro democrático bem melhor: sem discriminações, sem preconceitos, sem guerras, sem roubos e humilhações.

Que nossa nação tenha a humildade de rever seus atos, para que todos possam viver em paz, harmonia, sinceridade, integridade e dignidade.

Te amo 'Elis Regina'(in memoriam)-"...mas sei que uma dor assim pungente, não há de ser inutilmente. A esperança, dança, na corda bamba de sombrinha que em cada passo dessa linha pode se machucar. Azar, a esperança equilibrista sabe que um show de todo artista, tem que continuar..."

Feliz dia da comunidade que tem em suas mãos a responsabilidade de alertar tantas vidas.

Abaixo à ditadura, viva a democracia.

O nosso futuro está exatamente nas mãos dos adolescentes que, imploram até, para que a sociedade ,como um todo, se una em busca de uma vida repleta de vitórias, paz e amor.

Eu te amo, verdadeiramente, do fundo do meu coração.

Beijos mil

Regina Andrade
Enviado por Regina Andrade em 07/05/2011
Reeditado em 18/06/2011
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