Meu pai, um Super-homem

Não choro de tristeza, choro de saudades...

Ele estava comigo agora a pouco, lembro dele sentado em sua cama, com a cabeça baixa, coçando-a, quem não se lembra?

Já se passaram dois dias e parece que só agora os ventos vieram entender que falta alguém nessa praça, eles sopram mais amenos, suaves, quase parando, vêm de todos os lados, devem entender a falta que ele faz.

Nunca vou me esquecer daquele dia em Vitória da Conquista, em seu leito, o que falou inconscientemente pegado em minha mão e de minha irmã, puxando-as de encontro a seu peito, disse: - Eu sou o super-homem. No momento não entendi o que quis dizer, sim, só um pouco antes de sua morte (vida) fui entender, que realmente aquelas palavras tinham sentido, ele era um super-homem, um super-pai, um super-irmão, um super-amigo, e às vezes de tão bom além de ensinar também aprendia com a gente.

Era um pessoa tão boa, simples e humilde que não tinham nenhum tipo de maldade, raiva, ódio ou rancor em seu coração, doava-se constantemente, não tinha nada em suas mãos, fazia mais pelos outros que para ele.

Educou e criou seus filhos, 10 no total, todos com suas famílias, devemos muito o que somos e o que temos hoje, mais espiritualmente.

Escrevo de forma simples assim como ele escrevia, aprendeu a ler e escrever em 45 dias por conta de mil adobes de barro, sempre foi um pessoa forte e não tinha quem o amparasse, quem pegasse em sua mão e o ajudasse, era só, lutou e venceu na vida, construiu uma grande família. Eu o chamava de “José”, procurei um meio carinhoso e acabei voltando ao seu nome, me soava uma palavra forte como é o carinho.

Quero transformar todos estes verbos que escrevi no passado em presente, porque ele não morreu, vive ainda entre a gente em nossos corações. Queria ter podido mais vezes ter lhe dito eu te amo, até isso me ensinou quando em seu leito me puxou até o seu peito me deu um abraço e me disse: - Eu te amo. Não tenho palavras pra descrever minha dor.

Eu só queria poder aprender metade do que me ensinaste e o que ainda me ensina pra eu poder seguir por um caminho reto e justo longe do mal e dos sentimentos mesquinhos.

Pois então ficam seus ensinamentos, sua fé e seu amor, porém o maior destes é o seu amor por todos, fique com Deus meu pai.

Adriano, filho de seu Zé Grande, 19.04.03