A arte de ser feliz

A arte de ser feliz

(Homenagem à minha filha, que as oito anos trouxe-me

da escola esta linda redação de: Cecília Meireles)

Houve um tempo em que minha janela

se abria para a cidade que parecia feita de giz.

Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.

Era esta uma época de estiagem, e o jardim parecia morto.

Mas, todas as manhãs vinha um homem com um balde e

em silêncio ia atirando com uma das mãos gotas de água

sobre as plantas diariamente.

Não era rega, era uma espécie da aspersão ritual,

para que o jardim não murchasse.

Eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas

que caiam de seus dedos magros, e meu coração

ficava completamente feliz.

Às vezes eu abro a janela e vejo o jasmineiro cheio de flores.

Outras vezes encontro nuvens espessas.

Avisto crianças que vão para a escola.

Pardais que pulam no murro. Gatos que abrem

e fecham os olhos sonhando em comer os pardais.

Borboletas brancas de duas em duas,

como refletidas no ar.

Marimbondos que sempre me parecem personagens

de Lope de Vega em, Gatomaquia.

Ás vezes o galo canta. Ás vezes o avião passa.

Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o destino,

e eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessa pequena felicidade

que estão diante de cada janela, e uns dizem

coisas que não existem, outras que só existem

diante da minha janela e outras que só aprender

e olhar para poder vê-las assim.

Minha filha teve a sensibilidade infantil e

sublime ao dar-me este texto. Hoje quero compartilhá-lo

com milhares para que aprendem a ver e buscar

a própria felicidade que está a seu dispor,

para além da janela de seus olhos interiores.

Felicidades aos meus leitores ela está ao

alcance de todos quantos a desejarem.

Texto original de Cecilia Meireles
Enviado por nana caperuccita em 26/08/2011
Reeditado em 26/08/2011
Código do texto: T3183006
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