O Pequeno Grande Herói

Naquele tempo os ônibus não passavam ainda pela rua nem os carros tão acelerados. Era tranqüilo e as crianças podiam brincar livremente sem medo de ladrões.

Clara ficava olhando da veneziana toda aquela movimentação. Crianças dando risada, brincando de mãe-da-rua, três marias, pega-pega e esconde-esconde.

Ela sentia alguma paz em observar o que acontecia ao seu redor.

Havia um menino chamado Carlinhos que ficava fazendo companhia a

ela. Jogavam damas e ludo.

Num desses dias a mãe de Clara sugeriu que ele fosse brincar com as outras crianças. Carlinhos fez um sinal de negativo com a cabeça.

Queria ficar onde estava...

Era assim que passavam seus dias, brincando cada um como podia. Era mágica também a contemplação.

_Vamos jogar amanhã?

Clara disse sim com um sorriso.

Ele poderia estar fazendo qualquer coisa. Era um menino normal. Porém, havia características nele que o diferenciava do resto dos outros meninos- a facilidade com que transmitia afeto e carinho.

Os dias foram passando, sempre nessa mesma rotina. As lembranças desse doce menino foram sendo gravadas uma a uma dentro de Clara.

Estava surgindo amor entre eles. Não era o amor que fazia com que ela quisesse beijá-lo nem ele a ela. Era um amor que fazia com que Carlinhos cuidasse da amiga, mesmo que esse cuidado exigisse dele algumas renúncias.

A metodologia da vida é assim. Não precisamos compreendê-la de cara. Um dia ficamos adultos e percebemos o que pequenos gestos do passado causam dentro da gente.

Um sorriso ,um olhar ou apenas se fazer presente sem que grandes discursos sejam feitos.

Amar é simples só temos que aceitar a nossa limitação e permitir que o outro nos ame.

_Nunca te disse obrigada não é?

_Eu sabia que precisava de mim.

_Você foi meu herói...

Luciana Bruder
Enviado por Luciana Bruder em 29/08/2011
Reeditado em 13/05/2012
Código do texto: T3188243
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