Bons Homens.

O Leandro, que na infância tinha apelido de “flocão”, devido a um suposto “foco” que tinha na cabeça, o qual não posso precisar e talvez esteja sendo até redundante por ser leigo no termo, foi e é um dos melhores caras que já conheci em todos os tempos. É da terra.

Isso curiosamente se autenticou há alguns minutos quando fui comprar cerveja no bar onde o Leandro freqüenta diariamente. Pelo menos nos dias em que busco minha cerveja ele está lá. A recíproca pode ser verdadeira, no entanto.

Sempre quando o vejo me sinto bem. O cara transmite paz. Sempre quero ficar mais, conversar sobre nossa infância, a vida que ambos seguimos, mas nunca dá certo.

Hoje chegue lá, às três e meia da tarde de um sábado, 17 de setembro de 2011. O bar vazio e ele lá, sentado do lado de fora, sozinho, ele e uma garrafa de cerveja, bonachão. Um bom homem, um bom cidadão, um bom filho... Nunca ouvi nada de mal a respeito do Leandro “flocão”. Nem gosto de usar essa alcunha, desde criança.

Passou por poucas e boas na vida. Menos boas, mais más. Sofreu um acidente de moto que arrebentou boa parte de sua estrutura corpórea. Para um eletricista como o pai, isso foi algo que nem se precisa explicitar a dor.

Lembrando hoje, estacionando o carro e o vendo lá de novo, sozinho, me partiu o peito. Havia ainda uma cadeira vazia ao lado. Por tudo, juro, o mundo é sujo, chamei-o para tomar comigo em casa, já que eu estava também sozinho. Ele não quis. Não por despeito, por respeito...

Admirável ser humano, humilde, justo, trabalhador, sofrido, discriminado, amigo do meu peito, Leandro, o “Flocão”, amigo de tenra idade...

Cristiano Covas, 17.09.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 18/09/2011
Código do texto: T3226179
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