TRIBUTO A UM VIOLEIRO

“Este homem não é nascido em Santa Luzia, mas é um luziense de coração. Ele apareceu por aqui há, mais ou menos, 20 anos. Gostou tanto que continua, até hoje, vivendo em nossa cidade. Estamos falando de Júlio César de Almeida Marques *, nascido em Juiz e Fora, filho da Dona Therezinha e do saudoso Seu Ismair. Foi casado e muito apaixonado com a doce e saudosa Rogéria, com quem teve suas duas filhas, Roberta e Carolina. Este é JÚLIO MARQUES, o grande violeiro luziense.

Atraído pela ate musical, Júlio se fez violonista de mão cheia. Tocava e cantava por todo lado os sucessos da MPB mais antiga. Mas, o instrumento que fisgou seu coração foi a VIOLA CAIPIRA. Aprendeu a tocar como os melhores mestres.

Para nossa alegria, JÚLIO MARQUES radicou-se em Santa Luzia, propagou sua arte e incentivou a revitalização da viola caipira, que estava quase desaparecendo no tempo. Virou professor de música e, como artesão, fabrica cases (estojos) para guardar e transportar instrumentos musicais.

Junto com outros violeiros, Júlio teve participação importantíssima na criação da orquestra luziense VIOLA ILUMINADA, que grandes momentos já proporcionou a esta e muitas outras cidades do estado de Minas Gerais.

(orador se dirigindo ao Júlio)

Júlio, todo mundo sabe da mística que envolve a arte de tocar bem uma viola caipira. Talvez, por inveja de quem não toca nada, dizem que, quem toca MUITO, é porque fez pacto com o Diabo.

Júlio, estamos realizando, hoje, o SÉTIMO SANTA VIOLA. O número 7 também é muito místico. E, para piorar, hoje é dia 11 de setembro... O dia do terror das torres gêmeas, nos EUA. De 10 anos para cá, esse dia também se tornou extremamente místico.

Mas nós aqui, Júlio, deixando o misticismo de lado, estamos reunidos nesta bola festa e não acreditamos que o seu pacto, para tocar tão bem, foi com o Diabo. O seu pacto foi feito, sim, com Santa Luzia, nossa padroeira, talvez, através de São Gonçalo, protetor dos violeiros. Sabe por que acreditamos nisso, Júlio? A sua vida nesta cidade tem um significado muito maior do que todos nós (inclusive você) podemos imaginar. Você com sua arte e com sua benevolência, como professor de música, já resgatou a viola caipira e a música de raiz, aqui e em muitas cidades vizinhas. Além disso, você sempre foi um bom companheiro e de ótimo astral e senso de humor, em qualquer situação.

Por tudo isso, JÚLIO MARQUES, fica aqui o manifesto de todos nós, violeiros, trovadores, cantadores e apreciadores da música caipira de raiz:

Nós te amamos, MUUUUUUUUUUIIIIIIIIIITOOOOOO!”

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(Transcrição ipsis litteris da homenagem que me foi prestada em 11.09.2011, quando da realização do VII SANTA VIOLA, encontro de violeiros que acontece anualmente em Santa Luzia, cidade em que resido há 18 anos.

A primeira parte foi, também, utilizada na matéria, publicada no jornal Muro de Pedra, na edição do dia 14.09.2011)

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*Meu nome é, na verdade, Júlio César Marques de Almeida.