Todas as crianças, inclusive a que mora dentro de nós!

Infância, infância, período lindo da vida, a cabeça é vazia de problemas, de responsabilidades norteadas simplesmente por brincadeiras, minha infância foi feliz apesar de vir de um lar aonde nunca sabíamos como a situação iria estar no dia seguinte, era bela e transcorria tranquila durante as abstenções de papai do vício do jogo e do álcool, situações que o faziam perder emprego e nos remetiam à morar de favor em casa de meus tios, irmãos de mamãe, o que era triste, é vê-la sempre sofrida, calada, parecia envolta em tremenda angústia e dor, mas, ainda assim o que queríamos era brincar, eu e meus irmãos éramos danados à beça, arteiros, éramos felizes, pois a maioria do tempo vivíamos alienados aos problemas e assim a vida parecia todo dia uma festa, brincávamos de pique-esconde, de como está fica, de pega-pega, de cobra-cega, de escolinha, amarelinha, além dos meus irmãos brincarem de bola, de soltar pipas e de pião, bolinhas de gude e de festas de São João, pular fogueiras e correr atrás de balão, naquele tempo o balões eram chineizinhos, pequenos e pareciam até inofensivos, não é como hoje que soltam tralhas e mais tralhas acima de nossas cabeças, um verdadeiro horror!? É, as lembranças infantis nos remetem a um mundo mágico de alegria, é reviver um passado embora difícil mas um cantinho mágico e feliz, a vida era mais pacata, sossegada mesmo, não havia este turbilhão de informações que há hoje no mundo moderno, as crianças pareciam demorar mais para amadurecer, ficavam crianças um tempo enorme, alheias as maldades, alheias as crueldades, hoje as crianças nascem e logo logo parecem ter uns dois três anos de idade, sinto um pouco de pena delas, porque crescem num mundo acelerado, tudo vem de forma mais rápida, despejam sobre elas informações que deveriam demorar mais para tomar conhecimento, ficam expostas a tudo, quase impossível de protegê-las, a vitrine está escancarada, parece que até as novas mães tem pressa em ver seus filhos andar, falar, se virar sozinhos, elas não tem a calma necessária parecem querer livrar-se rapidamente ao que para elas parece mais uma prisão, um gotejar constante de passo-a-passo, as incomodam bastante, postam nas redes sociais que seus filhos crescem rapidamente e postam fotos de crianças recém-nascidas já sentadas em todas as posições, caramba, antes uma criança não sentava antes dos cinco meses, quando tivessem mais durinhas, quando a cabeça não pendesse tanto pra frente, hoje elas nascem e amanhã já estão sentadas, é rápido demais, mas em tudo há a impaciência de quem se tornou mãe nova demais, tratam seus filhos como se fossem bonecos, bonecas. Sem contar com as crianças que ficam à própria mercê, ao léu, abandonadas, judiadas, descartadas porque a brincadeira acabou, encarar a realidade é difícil então melhor descartar do que assumir tal responsabilidade, nossa!... De fato a infância precisa ser repensada, há que passar valores da importância de uma vida e das exigências que as mesmas necessitam no dia-a-dia, em cuidados, em carinho em atenção, o quanto é necessário planejar para assumir tal condição, não é responsabilidade de governos e nem de escolas o cuidar, o dar uma educação, é responsabilidade de pais, de quem assume o compromisso de dar a vida a um ser, criança não é pensão, não é renda, não é interesse vão, criança é um ser em formação, necessita amparo, necessita atenção, necessita cuidados, necessita educação, necessita amor, necessita um chão, necessita segurança, como uma plantinha que deva ser cuidada, regada, fincada em um chão, quando no período escolar necessita permanecer determinado tempo numa mesma região, para continuar e não ficar lançando ela alí ela lá sem ter uma direção, a família hoje em dia tem que repensar seus valores, tem que ter compromisso uns com os outros, tem que dar condição, ser novamente corda sustentável de um lar, de uma nação!... Ponto de apoio, porto seguro que se volta sempre na mesma direção, toda criança tem que ter direito a uma família que a ampare e lhe ensine a direção!...