MONUMENTO AO POETA

Por ser fonte de vida,

a poesia está presente

onde há coração que sente

onde há coração que ama.

E todo ser, e toda gente,

que um dia se aventurou

nas palavras e seus mistérios

tem dentro uma voz que clama

denúncia de coração amante,

que não deixa apagar a chama.

Mas onde está este poeta

que um dia alçou a meta:

não deixar a poesia morrer?

Que tomou para si um dia

por conta de tanta alegria

ou mesmo bocado de sofrer...

A missão de fazer da poesia

o motivo de sua euforia,

o motivo de seu cantar;

porque seu coração arfante

estava naquele instante

em plena ânsia de amar?

Ao poeta desconhecido

que faz poesia para si

ou mesmo faz para outros.

Que não tem reconhecimento

desse seu grande talento,

desse seu grandioso feito.

Quero com minhas palavras

- singelas palavras de honra -

bem presto, neste momento,

erigir um monumento

de grata recordação.

Ao poeta que nunca ganhou

um Nobel de literatura;

de quem nunca se cogitou

um pasquim ou qualquer panfleto;

que nunca sonhou em ter

participação no Nestlé;

que nunca ouviu falar

de Pen Club ou Booker Prize;

do prêmio Pulitzer

ou outro que quiser;

que apenas soube amar

e palavras transformar

em poesia e em vida.

A este poeta anônimo

vou erguer um monumento.

Quero fazer uma estátua

sem rosto e sem uma forma.

Pode ser um coração

ou mesmo pomba voando.

Quero cantar a inspiração

que ao poeta lembrando

faça jus a sua poesia...

A este poeta desconhecido

que nunca ganhou um Walmap

ou sequer um Jabuti.

Cuja vida não foi roteiro

para merecer o tinteiro

de uma escrita em Hollywood.

Que não ganhou qualquer Oscar

ou prêmio da Telecom.

Que não mereceu umas linhas

poucas linhas de apreço

nas páginas de qualquer jornal.

Que Suplemento Literário

não fez menção nenhum dia

e que ninguém acompanhou

quando em vida o itinerário

de sua linda poesia...

A este poeta solto

perdido na escuridão

de suas palavras amantes.

A este poeta sensível

que mesmo na solidão

de suas emoções queimantes.

Àquele que nunca deixou

neste seu ser vagabundo

de compor o seu mundo,

de expressar seu desejo

de compor sua canção

eu quero homenagear.

Quero abrir meu coração

e erguer um monumento

quero oferecer um prêmio.

Não será emolumento,

pois merece muito mais.

Agora sem temor ou pejo -

também sem medo de errar -

digo ao poeta errante

de cada palavra amante

da poesia um feitor:

O seu prêmio é a vida

a vida que lapidaste

através de suas palavras.

Tudo que seus dedos tocaram

- palavras brutas e frias –

se fizeram diamantes

que brilham por todos os dias...

A vida que se esculpiu

nas pedras da mina do amor

fez de sua vida mais linda;

sua graça presente, infinda;

em seu trajeto de autor.

E com sua rica poesia

sua vida ganhou novo tom.

Seu prêmio foi ser mais feliz

ao emitir sempre o som

dessa meiga e suave canção

de amor a vida e aos outros

brotada de seu coração.

Observação: Dedicada a Clayton Garcia, falecido em 8 de Dezembro de 2006, conforme mensagem recebida de Aécio de Paula.

ALEX GUIMA
Enviado por ALEX GUIMA em 25/12/2006
Reeditado em 13/01/2007
Código do texto: T327392