Uma declaração ao meu bairro! Colinas de Pituaçu

Tenho 30 anos de idade, moro neste conjunto residencial Colinas de Pituaçu há 26 anos, o Colinas tem aproximadamente 30 anos, ele é formado por 3 (três) associações, distribuídas por via B1, B2 e B3.

Lembro da época em que, ao olhar da janela do ultimo andar do apartamento que moro. Via apenas mato, onde hoje é denominada “Nova Sussuarana” .

Lembro-me da época em que ainda pequeno era advertido a não ir ao largo do Colinas (Praça) por conta do perigo de atravessara pista. Nesta época, ter idade suficiente para comprar o pão em “Peixoto” (nome da única padaria da época, hoje opção) era para as crianças e adolescentes um sonho.

Ah! Colinas…Onde não existia preocupações em demasia com os assaltos à carros, tráfico de drogas, ou alto índice de prostituição e promiscuidade.

Colinas…das planilhas de cimentos que eram nosso parque! Colinas da época em que andávamos pelo conjunto conhecendo nossos vizinhos até pelo nome ou no mínimo pela fisionomia. Sabíamos quando alguém não era do conjunto.

Colinas de minha adolescência tão vivenciada, da vontade estimada na busca natural de se auto-afirmar em seu meio social através de grupos, antigamente denominados de “galera”. Galera essa longe de ser nociva, tranqüila, no máximo tirar a “rixa” com dois caras no meio e quem ganhou, ganhou se cumprimentam e vai se embora, com as indiferenças tiradas. Tínhamos a galera do “Cal” aquele carinha magrinho e cabeludo, bom de “capoeira” (hoje pai de família); galera de Helder, galera de bucuiú, galera de Haley, galera de cara de pau…Éramos adolescentes divididos entre vias : B1, B2 e B3 que bastavam aparecer algum visitante malicioso que se apresentavam em meio aos “FEST IN COLINAS” e micaretas, nos uníamos de forma sincronizada como se defendendo estivéssemos a nossa pátria, a nossa terra o nosso bairro, como bons nativos do Colinas. (Eu os amo)

Colinas de seus personagens “famosos” conhecidos no cenário internacional, participante de filmes dos mais diversos, como foi o caso do saudoso: Woshington Bruno da Silva, o “mestre Canjiquinha” que apesar da capoeira ainda ser marginalizada, reunia seus jovens como arte, atividade física e disciplina. (em memória)

Ah Colinas….de suas figuras folclóricas lendárias como “Loirinho do Bahia”, de seu historiador e torcedor do Bahia Sr. Normando Reis, pai de meus também amigos Fabiano e Luciano Reis), que teve recentemente sua participação mais que protagonista do filme “Bahia minha vida”!

Colinas do chefe de torcida Railton “Raça” do Vitória, que estendia sua enorme bandeira na pista da B2 para “provocar” os torcedores do Bahia, sempre de forma sadia!

Colinas do professor de futsal Jurandir, com sua voz rouca, orientava as crianças e adolescentes daquela época, hoje adultos e pais de família, a darem seus primeiros chutes de bola!

Colinas do Sr. Luis (técnico do União) time de futebol, que criou esperanças em tantos jovens , revelou tantos craques para Bahia e Vitória, que por sua vez, não souberam enxerga-los como mestres da bola, tais quais: Maik, Piquenopólis, Serginho, Fabinho, Choco… dentre outros mais….anônimos!

Colinas dos times: Colinense, Atlanta e Udinese…Colinas das bandas: Filhos do som, Swing do mar….

Colinas dos músicos: Nenga, e Flavinho e outros anônimos….

Colinas das crianças e adolescentes, jovens, adultos e idosos, que aqui vivenciaram muitos bons momentos de diversas alegrias….

Mas lamentavelmente, Colinas de tristezas, angustias tragédias e dores….Vimos assaltos, mortes, roubos, perdas de conhecidos e desconhecidos, na sua maioria jovens…sempre tão jovens como: Bebito (esquartejado), Paulinho (com tiros) Natã (Alcoolismo e vitimado com uma doença sexualmente transmissível) dentre outros anônimos….

Colinenses, eles eram jovens, que tão cedo se foram, seja por envolvimento nas drogas, alcoolismo, promiscuidade, eram jovens! Talvez você esteja dizendo, isso está acontecendo em todo lugar !! Sim, eu direi! Mas é como erva daninha que como câncer está se alastrando pelo mundo afora, mas cujo estou resumindo em meu “Colinas” em meu bairro, e a pergunta é: porque deixar acontecer ? o que posso fazer para mudar isso ? o que você está fazendo ? discriminando ?

Ah meu Colinas, não trata-se apenas de um problema de Governo, é também um problema “nosso”, de ordem familiar, é um problema seu, se não for, “pode” até ser!

As famílias estão se auto-destruindo, cuspindo nos princípios, invertendo valores essenciais do ser humano, estão também se contaminando através da mídia seja ela televisiva, escrita ou falada. Casamento ficou banal, se abandonam por discussões triviais no relacionamento, chutam o balde, vão embora de casa,deixando “mães”, mulheres sozinhas, com uma responsabilidade educacional, e social a mercê de qualquer fundamento doutrinário.

Ah Colinas, quantas e quantas vezes, presenciei mães de meus colegas desmaiarem com as noticias que lhe passavam como se novidade fossem, de que seu mais novo filhinho querido está nas drogas…Ah Colinas , quantas lágrimas vir caindo do rosto dos pais, quantos pais vi o machismo dominar e exterminar todo vinculo de relação afetuosa! Quantas mães sequer imaginavam ou imaginam que seus rebentos estão atolados na lama, ou mesmo sabem, mas recusam-se aceitar de forma que, “fingem” achar que nada está acontecendo nada para se auto-iludir propositalmente, como uma auto-defesa da sua alma aflita!

Certa vez encontrava-me no campo da bica chamava-se assim por conta de uma “bica” que existia próximo do campo, e ao faltar água “geral” e no conjunto, era lá que enchíamos nossos baldes. Neste campo onde jogávamos bola tinha há um jovem fumando a “massa”, e ele, que por sinal, muito conhecido no Colinas, eu deveria ter 15 à 16 anos e ao me ver me ofereceu uma tragada, -Vai pivete ?, e prontamente respondi: Não, obrigado, não fumo! E para minha surpresa, ouvi uma das mais dramáticas e relevantes declaração: Não queira mesmo não, pois estou querendo sair e não consigo!!! Esta declaração estava revelando para mim o que de fato estava no coração de alguns jovens usuários de drogas, pois estes tais, mostravam suas limitações humanas, tinham a manifestação sincera de que tinham vontade de mudar, de parar, mas lhes faltavam forças!! Não tratava-se de um vagabundo, de um marginalzinho, “não ainda”, era notório que encontrava-se escravo. E neste caso, eu estava disposto a fazer alguma coisa!

Passei a ver não apenas um delituoso, mas uma vítima, não o eximindo de suas ações e responsabilidades, mas como resultado de ações malignas do sistema diabólico, cujo também envolve “humanidade”. Ele era mais um amigo! Sim amigo, daquele que vi crescendo ao meu redor, do convívio diário, de ver sua mãe, suas irmãs e irmãos. Estranho era entender porque me afastar deles, se era exatamente de aproximação, da compreensão e do ombro de bons amigos que ele precisava ?

Diferente do que propõe alguns “religiosos”, ao dizer que estão “evangelizando” ao reafirmar-los que eles irão para o inferno, ajudando, contribuindo e “instrumentalizando-se” como acusador pegando emprestado do diabo umas de suas maiores características “ACUSADOR”, além da própria comunidade que o discriminava, eles careciam de ouvidos disposto a ouvir suas dores, seus traumas, angustias, suas história e causas de sua experiência inicial nas drogas.

Com este intento, de ser canal ou porta aberta para “estes jovens” nasce então a IBCP –Igreja Batista Colinas de Pituaçu, quando ainda situada na B2 em Colinas de Pituaçu.

Este é o momento em que eu devo declarar que RELIGIÃO não salva, não liberta, nada e nem ninguém. O nome “da denominação” não é o diferencial, e sim o que dentro desta “denominação” é pregado, dito, falado, compartilhado, ensinado! E fazendo referência as demais que tem o mesmo propósito evidenciado nas ações (frutos) poderia citar a (Primeira igreja Batista Renovada Colinas de Pituaçu), Assembléia de Deus e Caminho de Emaús.

E nesta noite prego e falo para meu bairro, minha vizinhança, onde fui criado, e o faço com muito prazer e entranhável amor, em nome do evangelho de Jesus Cristo, através do evangelho prático de ações (obras) como alguns destes pequenos gestos (in-recompensável) feito aos moradores da circunvizinhança. Onde é entregue um alimento, onde é doado roupas, onde é “COMPARTILHADO O PÃO” com intuito único de ver o sorriso de uma criança, de vestir o desnudo, de acolher o desabrigado, de dar e não receber nada em troca, do puro gesto de retribuir o que algum dia alguém assim o fez por nós, muitos deles entregando a sua própria vida, indiretamente nos conduzindo ao encontro com Jesus e não com a “religião”, encontro com uma ressocialização, encontro com uma vida transformada, encontro com a sensação de paz interior, reconciliação com a harmonia na família e não com a religião que gera o atual “status social” encontro acima de tudo com Jesus Cristo mudando nossa história através do perdão, nos reconciliando com o nosso Criador!

Este evangelho que estamos pregando aqui no Colinas há 12 anos, não teve e não tem como base o enriquecimento ilícito e nem mesmo lícito, e sim o empobrecimento do orgulho, da depressão, do síndrome do pânico e a conquista da maior de todas riquezas: o Nome Escrito no livro da vida!

É bem verdade que éramos conhecido como a “igreja dos maconheiros”, sabe porque ? porque abrimos as portas que antes encontravam-se fechadas, principalmente para aqueles que não aspiravam aparência de “santo”. Nós líderes, até gostávamos da idéia mesmo com a irônica visão externa de que dentro de nossa “igreja” (denominação) abrigávamos eles… “…todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito…” Sim, fazíamos isso! E ainda fazemos, sem condena-los, mas absorvendo-os, ensinado-os acima de tudo sobre o Caminho, e as conseqüências de suas escolhas!

Eles estão por aí…andando por aí, encontrados e desencontrados, convertidos e em procesos de conversão, ….Ao Colinas, aos colinenses: Homens e mulheres, mães e pais, filhos e filhas, irmãos e irmãos, escutai-nos….!! Dizemos eis-nos aqui, estamos aqui sem sermos daqui, somos da casa (Colinas) anunciando uma outra casa (eternidade), “Venham, vamos falar dessas coisas. Embora seus pecados sejam como a escarlata, eles podem ser alvos como a neve.” “Todos os que têm sede, venham e bebam.”

“Venham à festa das bodas.”“Venham, sigam-me e os farei pescadores de homens.”

“Quem tiver sede venha a mim e beba.”

Deus é um Deus que convida. Que chama. Que abre a porta e acena com a mão, mostrando aos peregrinos uma mesa farta. O convite dele não é, porém, apenas para uma refeição, é para a vida. Um convite para entrar no seu reino e habitar num mundo sem lágrimas, sem sepulturas, sem sofrimentos. Quem pode entrar? Quem quiser. O convite é tanto universal como pessoal. Conhecer a Deus é receber o seu convite. Não apenas ouvi-lo, estudá-lo, reconhecê-lo, mas recebê-lo. É possível aprender muito sobre o convite de Deus e nunca responder pessoalmente a ele.

Todavia, o seu convite é claro e inegociável. Ele dá tudo e nós lhe entregamos tudo. Simples e absoluto. Ele é transparente no que pede e claro no que oferece. A decisão é nossa. Não é incrível que Deus nos dê a escolha? Pense um pouco. Há muitas coisas na vida que não podemos escolher, mas a mudança de vida e encontro com Cristo só depende de VOCÊ!

Ao meu querido bairro,

De seu nativo,

Colinas de Pituaçu

Fernando Macedo

o servo menor

“No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (João 7:37).

Fernando Macedo
Enviado por Fernando Macedo em 27/10/2011
Código do texto: T3301809