Dia D de Drummond

Homenagem ao Grande Poeta Mineiro Carlos Drummond de Andrade, HOJE É O DIA "D", "D"ele!

Fonte: google: Dia D de Drummond

Esta segunda-feira, dia 31 de outubro, é um dia muito especial para a literatura brasileira. Um dos nossos maiores poetas, Carlos Drummond de Andrade, ganhou este dia só para ele. Hoje é o "Dia D", o "Dia Drummond", que vai ser comemorado em sete cidades brasileiras (Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Paraty e Itabira), além de Lisboa, em Portugal.

O que os organizadores pretendem é que o "Dia D", dia do aniversário do poeta, seja um dia dedicado à obra dele. A partir deste ano, todo dia 31 de outubro, então, será "Dia D" e vai haver uma vasta programação sobre a obra de Drummond nas várias cidades: exposições com fotos e desenhos dele, filmes sobre o poeta Drummond e leitura de poemas. Na estátua de Drummond, em Copacabana, também deve aumentar o número de visitantes, apesar da chuva.

Drummond tinha até um verso sobre o aniversário, ele dizia o seguinte: ‘O tempo passa? Não passa. São mitos do calendário, tanto ontem, como agora. Teu aniversário é um nascer a toda hora”.

Deixo, aqui, para se deliciarem, DUAS das poesias que adoro, dele:

Lira Romantiquinha

Carlos Drummond de Andrade

Por que me trancas

o rosto e o riso

e assim me arrancas

do paraíso?

Por que não queres,

deixando o alarme

(ai, Deus: mulheres!),

acarinhar-me?

Por que cultivas

as sem perfume

e agressivas,

flores do ciúme?

Acaso ignoras

que te amo tanto,

todas as horas,

já nem sei quanto?

Visto que em suma

é todo teu,

de mais nenhuma,

o peito meu?

Anjo sem fé

nas minhas juras,

porque é que é

que me angusturas?

Minh'alma chove

frio, tristinho.

Não te comove

este versinho?

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Amar

Carlos Drummond de Andrade

Que pode uma criatura senão,

entre criaturas, amar?

amar e esquecer,

amar e malamar,

amar, desamar, amar?

sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,

sozinho, em rotação universal, senão

rodar também, e amar?

amar o que o mar traz à praia,

o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,

é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,

o que é entrega ou adoração expectante,

e amar o inóspito, o cru,

um vaso sem flor, um chão de ferro,

e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,

distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,

doação ilimitada a uma completa ingratidão,

e na concha vazia do amor a procura medrosa,

paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa

amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

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Danusalmeida
Enviado por Danusalmeida em 31/10/2011
Código do texto: T3308531
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