Menina da Caatinga

Entre as ramas finas que se espargem

No calor causticante do chão quente

Nasce entre os rasgos da terra seca

Uma bela flor... Menina mulher agreste

Veio livre, alegre e faceira a nos orvalhar

Saltitante voa perfumando a natureza

Pura e crua como nos primeiros pingos

Que a chuva graciosa e abençoada rega

Para nos favorecer depois à santa colheita

Seu andar encanta, lépida e firme cavalga...

Com a silhueta de uma deusa nordestina

Sobre o cavalo cansado e sedento de afago

Mas eqüino feliz... Por senti-la com as rédeas

A fazê-lo dançar com a marcha firme e célere

Até o sol se inebria... Quer estender seus raios

Sob os cabelos negros esvoaçantes ao vento...

É tudo cenário e espetáculo de rara beleza

Como se ela fosse espécie do maná dos céus

Diva, musa, ninfeta agreste enviada por Deus

Farta inspiração para violeiros a cantar cordel

Bálsamo que veio a aliviar todas nossas feridas

Pujança da identidade nua, plena e selvagem

Não há animal que rasteja ou solitário homem...

Que não se renda ou se quede em homenagem

Fina autenticidade romântica da fêmea sertaneja

A nos aprisionar e render-se aos seus fascínios

Por ela que só esconde por dentro mel e doçuras

Que o poeta embevecido respeita, canta e verseja.

Hildebrando Menezes

Nota: Dedicado a prima sertaneja Thaiane Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 14/12/2011
Código do texto: T3387873